A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos deve gerar impactos diretos no setor madeireiro do Pará. Em 2024, o estado enviou cerca de US$ 97 milhões em madeira para o mercado norte-americano, o que representou uma parte importante do total de US$ 241 milhões em produtos florestais exportados pela região.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, os Estados Unidos compraram US$ 1,6 bilhão em produtos florestais do Brasil este ano, sendo a madeira responsável por mais de 40% desse volume.
Dependência de um único mercado preocupa setor madeireiro
Deryck Martins, diretor executivo da Aimex (Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará), afirma que a concentração das exportações brasileiras em um único destino pode aumentar os riscos para os produtores locais. Quando mudanças comerciais acontecem, como essa nova tarifa, os efeitos são imediatos.
“Se não houver adaptação, o setor pode perder competitividade e reduzir operações, o que afeta desde grandes empresas até pequenos fornecedores”, destaca Martins.
Indústria busca alternativas para reduzir impacto
Com a nova tarifa em vigor, empresas do setor iniciaram movimentos para diversificar os destinos das exportações. A Europa, o Caribe e a Ásia estão entre os mercados com potencial, mas a entrada nesses locais exige planejamento, parcerias e participação em feiras internacionais.
De acordo com a FIEPA (Federação das Indústrias do Estado do Pará), está em andamento uma missão empresarial para a China, que pode abrir novas oportunidades de negócios. A estratégia é reduzir a dependência do mercado norte-americano e manter o fluxo de exportações.
Custo adicional pode afetar sustentabilidade da produção
O aumento no custo das exportações para os EUA também pode gerar pressão sobre as empresas, que buscarão formas de manter preços competitivos. O risco, segundo especialistas do setor, é que isso leve à substituição da madeira certificada por materiais mais baratos e com menor controle ambiental.
Segundo o presidente do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da FIEPA, essa mudança pode prejudicar os avanços obtidos na adoção de práticas sustentáveis. A atividade madeireira é uma das principais fontes de financiamento do manejo florestal legal.
Empregos e preservação florestal em risco
O impacto não será limitado às exportações. Toda a cadeia produtiva florestal, incluindo empregos e investimentos em manejo sustentável, pode ser afetada. Com a queda na receita, há possibilidade de redução de postos de trabalho e enfraquecimento de projetos ligados à conservação das florestas.
A FIEPA e outras entidades do setor, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), estão articulando ações para contestar a tarifa junto ao governo brasileiro, buscando soluções diplomáticas e jurídicas.
Com informações de Oliberal.com
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