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Com avanço do tráfico na Amazônia, Pará ultrapassa o Rio em número de presos transferidos para o sistema federal

Estado já tem 61 detentos em presídios federais — mais que os 52 do Rio — reflexo da nova rota do narcotráfico na região Norte e da fragilidade do sistema prisional paraense.

A escalada do narcotráfico na região amazônica e o enfraquecimento do sistema prisional estadual colocaram o Pará na liderança do ranking de presos transferidos para penitenciárias federais, ultrapassando o Rio de Janeiro. Atualmente, 61 detentos paraenses estão sob custódia do sistema federal, contra 52 oriundos do Rio, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.

A informação chama atenção pela mudança de eixo geográfico no encarceramento de alta periculosidade. A região Norte, antes periférica no mapa das grandes facções, agora ganha protagonismo como novo corredor do tráfico internacional de drogas, o que levou à ampliação das transferências de lideranças criminosas para presídios de segurança máxima fora do estado.

Tráfico pressiona sistema carcerário regional

A tendência reflete a fragilidade estrutural do sistema prisional do Pará, que enfrenta superlotação, baixa capacidade de contenção e atuação crescente de facções criminosas no interior das unidades. O uso da transferência federal é adotado como tentativa de desarticular comandos internos que seguem ativos mesmo com detenção.

Especialistas, no entanto, alertam que o modelo também pode provocar o efeito reverso: aproximação de líderes rivais e maior articulação interestadual. O sistema federal foi criado para isolar criminosos de alta periculosidade, mas concentra detentos de várias origens, o que pode favorecer conexões entre organizações de diferentes estados.

Perfil dos presos e desafio nacional

Entre os 549 presos que estão no sistema federal em todo o Brasil, a maioria tem entre 31 e 50 anos e responde por crimes como tráfico de drogas, homicídio, assalto a banco e lideranças de facções. O Pará se destaca agora como um dos principais remetentes de internos, ao lado de São Paulo, que lidera com 68 presos.

Um dos detendos é Luziel Barbosa, condenado a 396 anos pelo massacre no presídio de Altamira em 2019, que permanece custodiado fora do estado. Segundo autoridades, sua permanência em presídio federal evita nova articulação com facções locais.

Segurança pública e futuro do sistema

A explosão das rotas do tráfico pela Amazônia — facilitada pela presença de rios navegáveis e fronteiras abertas — tende a manter a pressão sobre o sistema penitenciário paraense. O envio ao sistema federal aparece, hoje, como uma estratégia emergencial, diante da ausência de investimentos robustos e estruturais no sistema estadual.

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