Vila da Barca receberá novo sistema de água e esgoto após assinatura de contrato de concessão de saneamento
Projeto prevê ampliação da rede de abastecimento e implantação de esgotamento sanitário em uma das áreas mais precárias de Belém. Obras devem começar ainda em 2024.
A Vila da Barca, uma das áreas mais vulneráveis e com menor infraestrutura urbana de Belém, será uma das primeiras comunidades a receber investimentos diretos em saneamento básico após a mudança no modelo de gestão do setor no Pará. A informação foi confirmada na cerimônia de assinatura do contrato de concessão com a empresa Águas do Pará, do grupo Aegea, que passa a operar a distribuição de água e o tratamento de esgoto em 99 municípios paraenses.
Segundo a nova concessionária, o projeto para a Vila da Barca prevê a ampliação do sistema de abastecimento de água potável e a implantação de uma nova rede coletora de esgoto doméstico. O cronograma inicial aponta que a nova estrutura de abastecimento será entregue até outubro e o sistema de esgotamento deve ser concluído em até oito meses após o início das obras.
As intervenções vão atender tanto residências em alvenaria quanto palafitas, o que representa um desafio técnico e logístico. A empresa informou que utilizará tecnologias já aplicadas em áreas semelhantes na cidade de Manaus, adaptadas à geografia local. Também será realizada consultoria comunitária prévia com os moradores.
Comunidade aguarda soluções antigas
A Vila da Barca é uma das comunidades mais antigas e populosas da periferia ribeirinha de Belém, com forte presença de moradias sobre palafitas. Problemas históricos de saneamento sempre estiveram entre as principais reivindicações dos moradores, que convivem com a ausência de redes formais de esgoto e água tratada em grande parte do território.
A iniciativa chega após anos de promessas não cumpridas e em um momento de visibilidade internacional para a cidade, que se prepara para sediar a COP30, em novembro de 2025.
Representantes da comunidade, como Gerson Bruno dos Santos, presidente da associação de moradores, afirmaram que a medida representa o início de uma mudança aguardada há décadas. “Esse é um problema crucial dessa cidade e que agora começa a ser enfrentado aqui dentro da comunidade”, disse.
Concessão e investimentos
O projeto na Vila da Barca integra o novo modelo de gestão do saneamento no Pará, definido após leilão realizado em abril. A empresa Águas do Pará assumirá a operação dos serviços em municípios que concentram mais de 4 milhões de pessoas, com promessa de investimento superior a R$ 15 bilhões, segundo estimativas do BNDES, responsável pelos estudos de viabilidade.
Em Belém, Ananindeua e Marituba, a Cosanpa seguirá responsável pela captação e produção de água potável, principalmente por meio do Complexo Bolonha. A distribuição, coleta e tratamento de esgoto ficam sob responsabilidade da nova concessionária.
Com índices de cobertura ainda abaixo da média nacional, o saneamento no Pará é um dos principais gargalos sociais e ambientais do estado. A Vila da Barca, por sua condição precária e simbólica, tornou-se um dos pontos de partida do novo modelo. O impacto da iniciativa dependerá agora da execução das obras dentro do prazo e da efetiva entrega dos serviços prometidos.



