Ananindeua lidera ranking de favelização no Pará e ocupa a segunda posição nacional
Censo 2022 do IBGE revela que 60% dos moradores vivem em áreas de favela, superando capitais e outras cidades da Região Norte
Com 60% de sua população, aproximadamente 500 mil habitantes, vivendo em áreas de favela, Ananindeua se consolidou como a cidade mais favelizada do Pará e a segunda no ranking nacional, de acordo com os dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apenas Vitória do Jari, no Amapá, apresenta um índice maior, com 69,2% dos residentes vivendo em favelas.
Esse cenário também é observado em outras cidades do Norte, que registram as maiores proporções de população vivendo em comunidades urbanas em relação ao total populacional: além de Ananindeua, Marituba (58,7%), Belém (57,2%) e Manaus (55,8%) se destacam na lista.
A pesquisadora do IBGE Letícia de Carvalho explica que o processo histórico de urbanização nessas cidades não foi acompanhado por uma base produtiva consolidada, resultando em um crescimento urbano desorganizado e carente de serviços essenciais. “A concentração urbana em Belém e Manaus, por exemplo, representa uma macrocefalia, ou seja, essas cidades concentram fortemente os serviços, o que atrai uma população maior do que as áreas podem suportar sem infraestrutura adequada”, aponta Carvalho.
A realidade das favelas em Ananindeua
A maior área de favela de Ananindeua é o PAAR, uma invasão ocorrida nos anos 1980 que, à época, chegou a ser considerada a maior da América Latina. Desde então, áreas como o PAAR cresceram sem planejamento e acesso regular a serviços básicos, como saneamento e políticas de habitação, agravando a situação socioeconômica da população local.
Para o IBGE, áreas urbanas como as favelas de Ananindeua são caracterizadas por uma combinação de insegurança jurídica da posse dos domicílios, ausência de serviços públicos essenciais e falta de planejamento urbano, o que resulta na predominância de construções informais e riscos ambientais. Tais fatores configuram uma situação de precariedade que compromete o direito à moradia e a segurança da população.
Favelas no Pará: ranking por municípios
Outros municípios paraenses também apresentam altos índices de população vivendo em favelas, refletindo um problema de abrangência estadual, com proporção média de 18,8% no Pará. Marituba (59%) e Belém (57%) seguem Ananindeua no ranking, enquanto municípios menores como Benevides (30%) e Santarém (27%) também registram números elevados.
Principais municípios com maior percentual de população vivendo em favelas no Pará:
- Ananindeua – 60%
- Marituba – 59%
- Belém – 57%
- Benevides – 30%
- Breu Branco – 28%
Os dados apresentados pelo Censo 2022 e pelo IBGE ressaltam a necessidade de políticas públicas eficazes que atendam à realidade das favelas e comunidades urbanas, sobretudo na Região Norte, onde a urbanização acelerada e desorganizada gera desafios únicos em termos de infraestrutura, habitação e acesso a serviços essenciais.