Acusações de fraude, censura e misoginia marcam eleição do SINJOR
Há 12 anos no poder, a chapa “Sempre na Luta “ já perdeu sede própria, deixou de calcular data-base da classe e é acusada de falta de transparência na utilização dos recursos
O filósofo anarquista russo Bakunin uma vez escreveu em crítica contundente à concepção de ditadura do proletariado idealizada por Marx, afirmando que “quem detém o poder jamais quer renunciá-lo”. Essa máxima intuída séculos atrás, continua surpreendentemente atual, especialmente quando analisamos a eleição do Sindicato dos Jornalistas do Pará e a permanência da chapa da situação. Assim como um cachorro reluta em soltar seu osso, essa gestão se mantém no poder há 12 anos, sem abrir mão de suas regalias e privilégios naquela gestão.
Neste contexto, não é à-toa que a campanha para as eleições deste sindicato, que ocorrem no próximo dia 20 deste mês, seja marcada por intensa rivalidade entre as chapas em disputa.
Acusações de fraude:
O jornalista Mauro Neto, um dos coordenadores de campanha da chapa 01 (Renova SINJOR), recorreu às redes sociais para expor uma suposta prática fraudulenta que estaria sendo empregada pelo sindicato, visando criar obstáculos na regularização de jornalistas. Essa regularização é fundamental, pois determina a validade dos votos nas próximas eleições.
Conforme as alegações do jornalista, a tesoureira do SINJOR, membro da chapa 02 “Sempre na Luta”, Carol Pombo, estaria atrasando o envio de boletos de pagamento, dificultando assim que afiliados quitem suas mensalidades atrasadas antes do prazo final, que se encerra em breve, no dia 05. Além disso, Mauro Neto apontou que, ao visualizar mensagens, a tesoureira estaria utilizando a logo de sua própria chapa, o que levanta sérias preocupações e suspeitas sobre a imparcialidade do pleito.
Vale ressaltar que o SINJOR, sem negar peremptoriamente os acontecimentos, emitiu uma nota de desagravo em defesa da tesoureira, acusando Mauro Neto de sexismo e misoginia, e anunciando sua intenção de ajuizar uma ação por danos morais em resposta à exposição da tesoureira.
Por sua vez, Mauro Neto, ao ser contatado pelo Parawebnews, sustentou que nunca fez uso de palavras ou expressões que pudessem ser interpretadas como misóginas. Além disso, expressou a intenção de também ingressar com uma ação de reparação por danos morais contra o sindicato. Ressaltou, por último, que o uso de sites e contas em redes sociais do próprio sindicato para lançar acusações falsas contra ele e a chapa 01 apenas evidencia uma abordagem pessoal e tendenciosa por parte do SINJOR.
12 anos no poder:
Após 12 anos no comando, a chapa “Sempre na Luta” enfrenta acusações de negligência em relação aos afiliados, falta de transparência na gestão dos recursos e ineficácia administrativa. Durante esse período, o sindicato perdeu sua sede própria, sendo forçado a alugar um espaço inadequado para as necessidades dos afiliados. Por exemplo, a ausência de um auditório e de salas espaçosas para reuniões e palestras é notória.
Além disso, a última data-base realizada remonta a 2017, tornando mais complexo o processo de reivindicação por aumentos salariais na categoria, uma vez que a falta de um parâmetro objetivo dificulta a atualização adequada dos salários.
Censura:
No mês passado, a chapa “Sempre na Luta” tomou a iniciativa de ajuizar uma ação na 18ª Vara da Justiça do Trabalho, buscando em sede de medida cautelar impedir que certos sites publicassem críticas em relação ao sindicato e às eleições agendadas para o dia 20 deste mês.
Em sua decisão, a juíza trabalhista destacou que não encontrou nas publicações qualquer indício de violação ao direito sindical, reafirmando a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão e o direito à livre consciência. Ela reforçou que retirar ou restringir essas liberdades implicaria, em última análise, em séria afronta aos direitos fundamentais, em outras palavras, uma forma de censura.
Propostas:
Em contraposição à chapa “Sempre na Luta”, a chapa “Renova SINJOR” assegura que já dispõe de sede própria e também de veículo que serão disponibilizados para uso do sindicato.
Além disso, a chapa apresenta uma série de propostas, incluindo a antecipação das negociações da data-base com as empresas de comunicação, a distribuição gratuita de carteiras da Fenaj e de Imprensa Internacional para os afiliados, a disponibilização de espaços de coworking com equipamentos como computadores, celulares e acesso à internet, bem como a promoção de capacitação e incentivo à criação de cooperativas de jornalistas.
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