Manaus e Belém, as duas metrópoles da Amazônia, estão se tornando campos de uma crescente disputa ideológica, onde visões políticas antagônicas encontram expressão através de eventos e tendências emergentes.
Na última semana, a capital paraense sediou a Cúpula da Amazônia, organizada pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). A agenda central dessa entidade reflete pautas progressistas, com foco na preservação ambiental e inclusão dos povos indígenas – valores associados à esquerda política. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Lula, líder da esquerda, almeja transformar Belém na sede da COP-30, a conferência mundial do clima em 2025.
A escolha estratégica de Belém para tais eventos não é fortuita. Lula obteve uma vitória eleitoral na cidade, mesmo que com uma pequena diferença de votos. Os resultados nas urnas mostraram que Lula superou Jair Bolsonaro no segundo turno por 45,7% a 43,2%, representando 392.207 votos. Enquanto isso, em Manaus, a apuração final indicava a vitória de Bolsonaro por 53,5% a 37%, o que equivaleria a 430.562 votos.
Essa tendência política é evidenciada também em outras ações. Lula obteve expressivo apoio em Parintins, município do Amazonas, onde conquistou 82% dos votos no segundo turno. Ao mesmo tempo, Manaus se apresenta como um território mais atraente para a direita política. Personalidades como João Dória, ex-governador de São Paulo, e a organização de empresários Lide, associados à direita, estão considerando realizar eventos na cidade. Outro exemplo é a realização da Campos Party, um evento de tecnologia e empreendedorismo globalmente reconhecido, que ocorrerá em Manaus em outubro.
Até o idealizador do Rock in Rio, Roberto Medina, está explorando a possibilidade de um evento internacional em Manaus, sinalizando uma tendência política mais à direita. Enquanto Medina não é categoricamente associado à direita, suas conexões e interesses têm gerado essa percepção.
Esses desenvolvimentos sugerem que, por enquanto, uma linha ideológica está se delineando nas relações entre Manaus e Belém. Os eventos e escolhas políticas indicam uma polarização crescente e simbolizam como essas cidades, mesmo distintas em características, estão se tornando territórios de disputas políticas que refletem divisões ideológicas mais amplas.