Ronaldo Brasiliense, um dos jornalistas mais premiados no estado do Pará, também foi alvo de operação de busca e apreensão na casa dele, em Óbidos, na região oeste do Pará, na terça-feira, 16. A operação foi o desdobramento de uma ação que já havia sido feita pela manhã em Belém, na qual os alvos foram o publicitário Orly Bezerra e o radialista Nonato Cavalcante.
O que mais intriga é que Ronaldo não tem blog, muito menos, site, e tudo o que escreve está na página pessoal dele no Facebook. A pergunta é se esse tipo de manifestação não é mais permitido? Ou a manifestação pessoal está vedada pelo atual Governo do Pará?
Em postagem no perfil dele no Facebook, Brasiliense conta como a ação se desenrolou. O jornalista estava no quintal da casa dele, quando quatro policiais civis do Pará – um delegado, um escrivão e dois investigadores, uma mulher -, chegaram. O delegado Silvio Biro leu pausadamente o Mandado de Busca e Apreensão da lavra do juiz Heyder Tavares da Silva Ferreira, titular da Primeira Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém, capital paraense que fica a 800 km de Óbidos.
Ronaldo perguntou a motivação da busca. E a resposta foi “Descoberta a coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes, devendo os executores, finda a diligência, lavrar auto circunstanciado, assinando com duas testemunhas presenciais”. Ronaldo indagou ao delegado: “Que ‘coisa’ é essa?” Nem ele soube dizer.
Os policiais ficaram cerca de três horas na casa do jornalista, e o quarto dele se transformou em uma bagunça, tudo remexido. “O curioso é que, em nenhum momento, falaram em fake news, que, acredito ser a ‘coisa’ que interessaria ao juiz Heyder Ferreira”.

Prêmios – Ronaldo Brasiliense tem mais de 40 anos de profissão, e é o mais premiado da Amazônia neste século, segundo o ranking nacional do Portal dos Jornalistas Brasileiros (Jornalistas e Cia). Detentor de dois Prêmios Esso – o mais importante da imprensa brasileira -, e duas vezes vencedor do Prêmio AMB. Também ganhou prêmios da Embratel, Petrobras, Abril, Aimex e muitos outros, sempre na linha de frente no combate à corrupção nos governos, em defesa dos direitos humanos, do meio ambiente da Amazônia.

No computador que foi apreendido estão arquivos de histórias de escândalos em Brasília, São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belém do Pará, em todos os estados da Amazônia. Brasiliense já trabalhou nos jornais O Estado do Pará, A Província do Pará, O Liberal, como chefe da sucursal da revista Veja na Amazônia, na IstoÉ, no Jornal do Brasil, em O Estado de São Paulo, e no Correio Braziliense – em Brasília e no Rio de Janeiro -, e como correspondente de O Globo na Amazônia.
Apoio – A operação de busca e apreensão na casa de Ronaldo Brasiliense renderam manifestações de repúdio em Belém. O blog de Zé Carlos do PV escreveu: “O jornalista paraense, premiadíssimo, Ronaldo Brasiliense também foi importunado pela busca e apreensão da Polícia Civil do Pará no inquérito de fake news. Passou por governos ditatoriais e muitos governos civis, sempre atento aos fatos e ético ao divulga-los, sem nunca ter tido seu direito profissional violado, como agora neste inquérito super estranho e juridicamente questionável, por claramente ferir o art. 221 da Constituição Federal”.
O jornalista Lúcio Flávio Pinto demonstrou apoio e publicou na íntegra a nota que Brasiliense escreveu no perfil dele no Facebook. Lúcio escreveu “Nota pública do jornalista Ronaldo Brasiliense, também alvo da operação da Polícia Civil do Pará contra a prática da disseminação de fake news”, e destacou a nota.
Livro – Brasiliense encerra a postagem adiantando planos para o futuro “As fotos serão as ilustrações para o livro ‘A Quadrilha’, que conta a história real de uma família de políticos paraenses que enriqueceu no poder assaltando os cofres públicos. Não passarão!”.



