O Pará, como um estado amazônico, tem forte influência indígena em sua população. O estado tem a maior proporção de moradores que se auto declaram pardos, de acordo com IBGE. No entanto, vem chamando atenção neste ano os casos de indeferimento de matrículas de calouros auto declarados pardos na banca de heteroindetificação da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Mais um caso ganha repercussão nas redes socais. Uma jovem ribeirinha e com traços indígenas, Camili Reis, de 21 anos, teve a matrícula negada pela banca de heteroidentificação da Universidade Federal do Pará (UFPA). A estudante foi aprovada no curso de Ciências Biológicas, porém teve a matrícula indeferida por não ter sido considerada parda de acordo com os critérios do edital. A denúncia foi feita nas redes sociais da professora Lucyene Nascimento, que verificou com uma pessoa competente no caso e afirmou que a estudante é sim uma pessoa parda e pode recorrer judicialmente.
Os advogados de Camili impetraram um mandado de segurança para proteger o direito da estudante, que prestou vestibular e passou no processo seletivo em 2023, tendo se candidatado às vagas reservadas ao sistema de cotas raciais e baixa renda, escola/ pretos, pardos e índios. Segundo os advogados, a banca de heteroidentificação se baseia apenas no “olhômetro” e em documentos de identidade para julgar o candidato, sem considerar todas as características fenotípicas e a ascendência da estudante.
A UFPA informou que foi realizada uma nova avaliação da condição de etnia/raça de todos os candidatos considerados não negros pela segunda banca de heteroidentificação das primeiras chamadas do processo seletivo 2023, e que a candidata foi considerada novamente como pessoa não negra. A universidade convocou os candidatos para comparecerem à banca recursal no dia 20 de abril, procedimento no qual a candidata compareceu e aguarda o resultado final e definitivo, que será divulgado por meio de edital. A estudante relatou que toda a situação está lhe causando um desgaste mental e emocional muito grande e que só quer estudar.