A crise política e econômica na Venezuela levou o casal Alba Salcedo, 33 anos, Gabier Rangel, 36, a se estabelecer no Brasil, após o fim do trabalho dele como diplomata.
“A intenção era, originalmente, voltar para a Venezuela. No meu caso, era para ser professor universitário e no caso dela [Alba], continuar a carreira como jornalista. Aí, na hora de voltar a crise estava piorando. Pensamos que voltar não era tão bom, principalmente para o nosso filho”, diz Gabier.
Para se estabelecer em Belém, o casal encontrou saída no empreendedorismo. Sem conseguir encontrar oportunidades de emprego em Belém, Gabier e Alba decidiram investir em uma hamburgueria que começou na cozinha de casa e funcionava apenas por delivery. A ideia deu certo e, quando os clientes começaram a perguntar se a marca, chamada Nagoa, tinha um ponto físico, o casal resolveu alugar um espaço.
O casal foi além: decidiu deixar a ideia da hamburgueria para investir em um casa especializada em comida e música latina.
Nascia assim o Siguaraya, que tem no cardápio itens como arepas (tipo de pão consumido em países latinos, feito com farinha de milho), que são servidos ao som de bachata e merengue —estilos de músicas e danças com origem na República Dominicana.
“Quando um paraense ou brasileiro chega ao Siguaraya e escuta a música, ele começa a se mexer. Está no sangue da pessoa. Foi bonito a gente ver essa conexão”, diz Gabier.
Gabier conta que as redes sociais foram aliadas porque, com ajuda de imagens e descrições, os clientes conseguiam entender melhor e se familiarizar com a cozinha.
“A gente sabia que a gastronomia paraense é muito forte. Então, não era fácil chegar em um lugar que já tinha comidas típicas bem marcantes. Eu sinto que essa confiança foi mudando”.