Belém (PA) – Após reportagem publicada no portal Roma News sobre aumento no número de crianças e grávidas com sintomas da covid-19 na Santa Casa de Misericórdia do Pará, várias mães reclamaram que estão sendo transferidas com seus filhos para outros hospitais de Belém, de forma arbitrária e sem qualquer informação prévia.
A movimentação, segundo os relatos, teria começado na noite de terça-feira, 11, após uma reunião na unidade hospitalar entre a direção, equipe médica e funcionários, para ordenar o fluxo dos pacientes com a Covid-19 e a disposição de leitos para receber essa demanda.
Transferências – Nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, 12, alguns pacientes já foram retirados das enfermarias pediátricas do hospital, causando tensão entre as acompanhantes. Em um áudio encaminhado à reportagem, uma das mães pede para que os pacientes não sejam transferidos. Ela diz que são casos graves e que a única informação seria de que o destino das crianças em tratamento era o Hospital Universitário João de Barros Barreto.
“A gente tá desesperada, já disseram que o Barros Barreto não tem a mesma estrutura. As crianças já estão em tratamento aqui na Santa Casa. As enfermeiras ficam em cima da gente pressionando. Eu não vou sair”, disse a mulher.
Outra mãe, Jehssy Ane Mendes, esteve com seu filho internado por dois dias na Santa Casa e recebeu alta nesta terça-feira, 11. Ela conta que o clima estava tenso nas enfermarias. O motivo era a chegada os pacientes com covid-19 e a necessidade de desocupação dos leitos. A mãe relata que um helicóptero pousou no terraço do hospital trazendo paciente do interior do estado.
“O comentário era que se tratava de uma criança com covid-19 em estado grave. As mãezinhas ficaram nervosas principalmente porque ninguém esclarece de fato o que está acontecendo. Apenas chegam (os funcionários) e dizem para arrumar as coisas que serão transferidos”, conta Jehssy.
Outra mãe – Esse é o mesmo depoimento de outra mãe, Ayran de Araújo Gonçalves, de 27 anos, que veio de Marabá, para o tratamento da filha, diagnosticada com uma doença rara. Na manhã desta terça-feira, depois de 7 meses internada na Santa Casa de Belém, ela foi comunicada que seriam transferidas. “Todas nós estamos muito preocupadas com tudo isso. Eu não sou daqui, minha filha já está recebendo atendimento nessa enfermaria (Ludovina) há meses e agora, da noite para o dia temos que sair sem saber de nada direito”, reclama.
Em nota, o Hospital Barros Barreto informou que o Setor de Regulação e Avaliação em Saúde não registrou a transferência de pacientes da Santa Casa.
Sobre a ocupação de leitos, a Fundação Santa Casa de Misericórdia informou na terça-feira, 11, que dos 15 leitos clínicos pediátricos exclusivos para covid-19, 13 deles estão ocupados e dos 10 leitos de UTI pediátrica exclusivos para covid-19, 8 deles estão ocupados.
A reportagem do Portal Roma News aguarda informações da Fundação Santa Casa sobre a desocupação de mais leitos no hospital para atender à demanda de pacientes com a Covid-19.
Fonte: Roma News