A Universidade de São Paulo (USP) anunciou recentemente a criação do Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (Ceas), que visa acelerar o desenvolvimento da região por meio de pesquisas interdisciplinares. No entanto, a notícia gerou revolta entre internautas e acadêmicos da região amazônica, pois a USP ignorou a existência de importantes instituições de pesquisa da região, como a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), o Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica (INPE) e o Museu da Amazônia (MUSA).
Neste ano, repercutiu uma carta divulgada recentemente por um pesquisador do Museu Emilio Goeldi, denunciando o sucateamento da instituição e seu risco de fechar por falta de pessoal.
A falta de diálogo com esses institutos gerou acusações de neocolonialismo por parte dos internautas, que afirmam que a USP está impondo uma visão própria sobre a região, sem considerar as pesquisas que já são realizadas há anos por instituições locais.
Algumas internautas ironizaram a USP, sugerindo que a UFPA deveria criar um centro de estudos no Sudeste do país para tentar acelerar o desenvolvimento social da região que é tão atrasada, enquanto outros afirmam que há diversas formas de apoiar os pesquisadores da região, que precisam de apoio técnico e financeiro. Há quem defenda que a USP deveria estabelecer acordos com as instituições de pesquisa locais, em vez de criar um novo centro de estudos.
“A proposta do centro é idêntica ao que NAEA UFPA faz há 50 anos, a diferença é que o centro não tem nenhum diálogo nem cita nenhuma instituição ou pesquisador da Região, a não ser trades do exterior num esforço de manutenção do colonialismo intelectual brasileiro”, disse um internauta.
Até o momento, a USP não se pronunciou sobre as críticas recebidas em relação à criação do Ceas e à falta de diálogo com as instituições da região amazônica.
