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União dos Artistas Paraenses questiona limitação de horário de bares no novo Decreto Municipal

Criada em abril deste ano, quando a epidemia do novo coronavírus estava em um momento crítico no estado do Pará, artistas locais se reuniram, se organizaram e criaram a União dos Artistas Paraenses (Uniaspa) para defender o trabalho daqueles que levam lazer e diversão ao público paraense.

Quando a situação de saúde foi se estabilizando, alguns setores começaram a retomar as atividades, mas o setor da música foi o último a voltar, no início de setembro passado.

Novo decreto – Mas tudo mudou novamente, quando nesta semana, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, em virtude do aumento de casos positivos de Covid-19 na capital paraense, publicou um decreto no qual as atividades artísticas na noite de Belém voltaram a ter horário restringido. Agora, bares e restaurantes que têm música ao vivo só podem funcionar até meia-noite.

O setor de entretenimento é, mais uma vez, castigado com o Decreto Municipal. Mas sempre esteve aberto e acessível às autoridades, buscando encontrar um meio termo, para que assim, as milhares de pessoas que têm como profissão a música não sejam atingidas pesadamente com as restrições de horários.

Desde o início da pandemia e com as atividades artísticas suspensa, a Uniaspa conseguiu dar suporte e pagar cachês por apresentações em lives a 118 bandas em todo o estado do Pará.

Em agosto passado, integrantes da Uniaspa entregaram um ofício às autoridades municipais e ao prefeito de Belém com as sugestões de como o setor poderia ser retomado, em mais um demonstração de que são sensíveis à pandemia, mas que precisam trabalhar também.

A Uniaspa tem um perfil no Instagram

O novo Decreto Municipal atinge duramente o trabalho que é feito pelos conhecidos como “artistas da noite”. O principal questionamento é sobre o horário restrito dos shows. A pergunta mais frequente dos músicos é sobre se o coronavírus ‘ataca’ com horário marcado.

Manifesto – Na quinta-feira, 29, os integrantes da Uniaspa publicaram um manifesto da classe artística sobre o novo Decreto Municipal.

Veja o texto publicado no perfil da associação do Instagram: “Mais de seis meses de um ano tão duro, um ano de privações para todos que vivem da sua arte, que fazem do entretenimento a sua forma de ganhar a vida. Esse é o nosso trabalho e temos um orgulho enorme de fazermos.

Poucas categorias foram tão parceiras do poder público como a nossa e poucas categorias são tratadas com tão pouco diálogo e sensibilidade quanto a nossa.

Não somos omissos ou inconsequentes para não sabermos que estamos ainda vivendo uma pandemia, e nos solidarizamos com a dor dos que perderam familiares ou amigos nesses tempos difíceis!

O ponto que nos causa inquietação vem em forma de pergunta ‘Só o nosso trabalho e a nossa plateia espalham o vírus?’

A verdade é que o gestor público, que não dá exemplo, não deveria poder, numa simples canetada, decidir como ou até que horas podemos trabalhar.

À sociedade deixamos claro que sempre estivemos e estaremos de mãos dadas com a coerência, só não aguentamos mais pagar a conta sozinho!”

Gretchen e Markinho – A cantora Gretchen, que está morando em Belém e é casada como músico paraense Esdras de Souza, compartilhou uma postagem do cantor paraense Markinho Duran, que usou trechos da postagem da Uniaspa.

Gretchen argumenta: “Ó! Não aguentamos mais pagar essa conta sozinhos! Obrigada, Markinho Duran por retratar tão seriamente nossa realidade”, disse a cantora.

Veja a postagem de Gretchen:

https://www.instagram.com/p/CG8wy_uLrRh/

Markinho foi mais enfático em seu questionamento. Ele pergunta “Onde está coerência? Arrecadamos toneladas de alimentos e ajudamos na higiene metal das pessoas através das lives, levando entretenimento e alimento para dentro da casa de muitas pessoas. Não somos omissos ou inconsequentes para não sabermos que estamos ainda vivendo uma pandemia, e nos solidarizamos com a dor dos que perderam familiares ou amigos nesses tempos difíceis! O ponto que nos causa inquietação vem em forma de perguntas: ‘Só o nosso trabalho e a nossa plateia espalham o vírus?’; ‘A aglomeração só se dá à noite?’, questiona Markinho.

Veja a postagem de Markinho Duran:

“A verdade é que o gestor público, que não dá exemplo com seus palanques/ caminhadas e comícios lotados, não deveria poder numa simples canetada decidir como ou até que horas podemos trabalhar. À sociedade deixamos claro que sempre estivemos e estaremos de mãos dadas com a coerência”, encerra Markinho.

Comícios – Já o músico Jorginho Silva, ex-integrante da banda Sayonara, é mais questionador ainda. Para ele, o decreto prejudica os músicos e os donos de estabelecimentos. “Já temos a capacidade dos locais reduzida à metade e agora vem a restrição de horário de funcionamento. A questão é sobre por que somente os artistas são penalizados? O vírus não vai atingir as aglomerações das campanhas políticas? Por que somente a nossa classe trabalhadora é alvo desse decreto? E quando eu falo artistas, não só os que estão no palco. É também toda uma classe que trabalha para proporcionar lazer às pessoas”.

“Realmente, eu não consigo entender por que essa corda sempre arrebenta pra o nosso lado. O que deveria ser feito era ampliar a fiscalização nos locais com possíveis aglomerações e não reduzir horário e capacidade dos locais de shows. Somos artistas, precisamos e queremos trabalhar, coisa que não conseguimos fazer direito desde março”, ressalta.

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