Há um mês no cargo, o professor Gilmar Pereira da Silva, de 62 anos, tornou-se o primeiro reitor autodeclarado preto da Universidade Federal do Pará (UFPA) desde sua fundação, em 1957. Graduado em pedagogia e especialista em história da Amazônia, o novo reitor destacou a importância da representatividade para os 41.969 estudantes negros que compõem a instituição.
“A universidade ter um reitor negro é muito importante para os estudantes daqui, que podem dizer: ‘Se o professor Gilmar conseguiu, eu também posso!’”, afirmou.
Inclusão racial como prioridade
Entre as iniciativas anunciadas, está a transformação da atual Assessoria de Diversidade em uma Superintendência de Diversidade, que será liderada pela professora emérita Zélia Amador de Deus, uma das responsáveis pela implantação das cotas na UFPA. O objetivo é, futuramente, elevar o órgão ao status de Pró-Reitoria de Igualdade e Inclusão Racial.
O reitor também pretende intensificar políticas de assistência estudantil. Atualmente, cerca de 7 mil alunos vivem em vulnerabilidade, mas apenas 4 mil recebem suporte devido a limitações orçamentárias. “Vamos criar a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil e garantir condições de alimentação para estudantes dos campi no interior”, garantiu Gilmar, que planeja investir R$ 30 milhões nessa área.
Desafios e interiorização
Gilmar Pereira da Silva ressaltou a importância da interiorização do ensino superior para o desenvolvimento regional. A UFPA conta com campi em 12 municípios e busca expandir sua presença em polos estratégicos, como Tomé-Açu e Mocajuba.
Apesar dos cortes orçamentários que afetam o ensino superior no país, o reitor reafirmou seu compromisso: “Mesmo diante dos desafios financeiros, aqui na Amazônia, nós vamos fazer a universidade avançar”.
Referência para novos talentos
Desde a adoção do sistema de cotas, em 2008, a UFPA já recebeu 36.878 estudantes cotistas negros. A gestão de Gilmar reforça o papel da universidade na formação de lideranças que possam transformar a sociedade.
“É uma conquista ter pessoas negras em lugares estratégicos. Nossa tarefa é nos colocarmos como referência para a comunidade e fortalecer a luta por igualdade”, concluiu o reitor.