A Polícia Civil, por meio da Superintendência Regional do Caeté, investiga um ritual religioso realizado por uma família na comunidade de Eldorado, na zona rural do município de Bragança, no nordeste paraense. Na última quarta-feira, 14, agentes civis e o Conselho Tutelar estiveram na localidade para apurar denúncias de que uma família estaria maltratando menores de idade por conta de crenças atribuídas à religião. As vítimas devem passar por exame de corpo de delito nesta sexta-feira, 16, no Instituto Médico Legal (IML) da cidade.
A polícia flagrou um ritual em que, segundo populares, três crianças de uma família seriam sacrificadas, sob justificativa de combater a pandemia da Covid-19. Ninguém da comunidade estava usando máscaras, durante a aglomeração do ritual, onde havia terços e rezas católicas. Uma das crianças resgatada estava pendurada em uma cruz, vestida com um manto religioso.
A conselheira Rosa Quemel, que recebeu a denúncia de um morador da comunidade, explica que as equipes viveram momentos de tensão no local, já que houve bastante resistência da família e os moradores estavam revoltados.
“Só conseguimos resgatar três crianças na hora do sufoco. Um bebê de 1 ano e três meses era o mais estava sofrendo com essa situação. A família não queria que a gente tirasse a criança porque estavam fazendo uma espécie de reza. Só que a criança chorava muito de fome e de sede, assim como as outras”, detalha. Também foram resgatadas duas crianças de oito e dez anos.
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Conselho Tutelar – Segundo ela, houve tentativa de diálogo, mas os familiares estava irredutíveis. “O Conselho tentava dialogar, mas não tinha como, estavam todos transtornados. Com a chegada da Polícia, todos correram para dentro da casa e se trancaram. Também vimos uma idosa que se alimentava bem pouco. Segundo eles, uma aparição de Nossa Senhora teria dito que eles precisavam desses sacrifícios físicos. Verificamos um trauma físico cruel, maus tratos. Nunca tinha visto nada como isso na minha vida”, detalhou Rosa.
As informações de que as crianças seriam sacrificados durante a cerimônia religiosa e que o ocorrido tinha relação com uma crença de cura da Covid-19 não foram confirmadas.
Um relatório sobre o caso foi feito pelo Conselho Tutelar e encaminhado à Polícia Civil, que informou em nota que “novas diligências serão realizadas a partir dos depoimentos para apuração dos fatos e identificação de todos os envolvidos”. Ninguém havia sido preso até a publicação desta matéria.
As crianças seguirão no abrigo municipal até decisão judicial.
Fonte: jornal Amazônia
