Tarifa de Trump pode causar prejuízo ao agro e à mineração no Pará
Com imposto de 50% sobre produtos brasileiros nos EUA a partir de agosto, carne e cobre perdem competitividade e setor produtivo do sul e sudeste paraense pode sofrer com queda nas exportações.
A nova política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve impactar diretamente a economia do Pará. A partir de agosto, produtos brasileiros vendidos em solo americano terão uma taxação de 50%, tornando-se menos competitivos no mercado internacional. A medida atinge em cheio dois setores estratégicos para o estado: o agronegócio e a mineração.
Municípios do sul e sudeste do Pará, como Xinguara, São Félix do Xingu, Novo Repartimento e Marabá, são grandes produtores de carne bovina, um dos produtos mais consumidos pelos EUA. Com o aumento no preço final da carne brasileira no mercado americano, a tendência é de queda nas exportações, afetando diretamente o produtor rural paraense, que pode ter de buscar novos mercados ou cortar custos — o que pode gerar demissões em massa no setor agropecuário.
Mineração também entra no radar
Outro setor afetado é o da mineração. Os Estados Unidos têm aumentado a compra de cobre brasileiro, especialmente com o avanço da transição energética. A taxação também se aplica a esse produto, reduzindo sua atratividade comercial.
A mineradora Vale, que atua fortemente no Pará com exploração de cobre e metais críticos, pode ser impactada, embora analistas apontem que o setor mineral deve sofrer menos que o agro, já que a China segue como o principal parceiro comercial do Brasil nesse segmento.
Tensão diplomática e resposta brasileira
Segundo declarações públicas, Trump justificou a medida com base em razões ideológicas e políticas, afirmando que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sendo perseguido judicialmente e exigindo o fim desse processo como condição para retomar relações comerciais amigáveis.
Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil vai adotar o princípio da reciprocidade tarifária, o que significa que produtos americanos também sofrerão taxação de 50% ao entrarem no Brasil. Isso deve encarecer produtos importados com componentes norte-americanos e aumentar a tensão entre os dois países.
Especialistas alertam para os possíveis efeitos negativos no câmbio, na inflação e na confiança de investidores estrangeiros no Brasil. Por outro lado, os Estados Unidos também correm o risco de perder parte de um dos seus maiores mercados consumidores.
O impacto ainda é difícil de quantificar, mas há consenso de que o setor produtivo brasileiro — e especialmente o paraense — tende a sofrer mais com a medida. A Amazônia, que tem no extrativismo e na produção de commodities suas maiores fontes de exportação, é uma das regiões mais vulneráveis ao novo cenário.
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