DENÚNCIA

SOS Marajó!

No arquipélago marajoara estão os municípios com pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil: Melgaço, Curralinho, Santa Cruz do Arari, Bagre, Portel, Anajás e Afuá.  A Covid-19 já chegou lá e está matando aos borbotões. Pacientes morrem sem remédio, sem atendimento médico, laboratorial e hospitalar. Mesmo os que conseguem internação local acabam morrendo à espera do resgate que demora e da eterna falta de leitos para transferência a hospitais de Belém, que também estão com todas as suas UTI’s ocupadas. Cada internação dura de 14 a 21 dias, se não evoluir a óbito. O que significa que, se alguém contrair o coronavírus e o caso agravar, não tem como obter tratamento. Em Breves, o maior município marajoara,  que sedia o hospital regional, a mortalidade explodiu. Cresce absurdamente o número de contaminados.  Só lá já são 40 mortos pela Covid-19 e 318 casos confirmados. E não existe nem paracetamol nas farmácias. 


Quinhentas mil almas marajoaras convivem com altos índices de exploração sexual e violência contra crianças, adolescentes, jovens, mulheres e idosos. O tráfico de armas, drogas e de seres humanos grassa. As pessoas não têm registro de nascimento, RG, CPF e CTPS. A maioria da população é analfabeta e sobrevive com os parcos recursos dos benefícios sociais. Não há defensores públicos para garantir um mínimo de acesso à cidadania. 


O Marajó, abandonado historicamente, sofre muito pela ausência de suporte básico aos seus cidadãos. 


O cenário é pavoroso. Não existe a possibilidade de a população marajoara acessar cidades próximas para sacar proventos financeiros, a maioria do governo federal, tais como o Auxílio Emergencial, Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada, Seguro Defeso e aposentadorias. A maior parte dos municípios não dispõe de agências e estabelecimentos bancários. Além disso, mais de 90% da população reside no interior, onde não funciona rede de celular e menos de 5% das pessoas têm acesso à internet rural via satélite. Uma alternativa seriam embarcações. Mas as atividades itinerantes da Caixa Econômica Federal estão suspensas e o navio não trabalha com movimentação financeira.


Há uma Secretaria Regional do Marajó e a Associação dos Municípios, mas os prefeitos e o secretário nunca foram vistos acompanhando ações nem criando alternativas.


Não existe a menor estrutura necessária – grupo gerador, equipamentos, ventiladores mecânicos, corpo técnico, balões de oxigênio – para atender os doentes. No hospital regional, o centro de hemodiálise não funcionou ainda, vidas humanas estão sendo perdidas e isso não tem preço, o Marajó pede socorro.


São tantas e tamanhas as violações de direitos, e pouco, muito pouco, para gente que precisa demais de ajuda. Além da pandemia, o povo é massacrado pela fome.

O Centro Ágape da Cruz, criado em Portel pelas religiosas Raimunda Rodriguez e Maria Josefa Iglesias em 2006 e mantido pela Fraternidade Católica Missionária Ágape da Cruz, com  doações da própria população, atende 35 crianças de 14 meses a 12 anos, vítimas de abusos sexuais. É o único abrigo a acolher essas pequeninas em todo o arquipélago do Marajó. As freiras, já de meia-idade, não têm meios para conseguir ajuda. As famílias vivem em situação de miséria,  abaixo da linha da pobreza extrema. 

Em Ananindeua, funciona outro Centro Ágape da Cruz, no qual as crianças marajoaras e também as que moram no bairro de Águas Lindas/Conjunto Júlia Sefer recebem atendimento médico, odontológico e psicossocial, além de alimentação diária e amparo espiritual, tudo fruto do voluntariado de médicos, dentistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e outras almas boníssimas. Precisam muito de doações. 

O bispo emérito do Marajó, Dom José Azcona, o bispo prelado do Marajó, Dom Evaristo Pascoal Spengler e outros sacerdotes que apoiam o árduo trabalho das irmãs Raimunda e Josefa apelam para que as pessoas mais abastadas sejam sensíveis a esse drama e ajudem. É preciso ajuda permanente, parceiros para agir como rede, não só com ações pontuais. Cestas básicas, produtos de higiene e uso pessoal, lençóis, toalhas, brinquedos, roupas e calçados são muito necessários e as doações podem ser também depositadas em conta bancária no Banco do Brasil (agência 2486, conta corrente 14177-1, CNPJ nº 10.766.643/0001-02, da Fraternidade Ágape da Cruz, ou em nome da Irmã Raimunda Rodrigues, na agência 2486-4, c/c 14893-8, também do BB).

Fonte Blog Franssinete Florezano

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