DENÚNCIANACIONALNOTÍCIASO ED VOLTOU!

SINTEPP desmente Edmilson Rodrigues sobre pagamento do piso

A resistência do prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) em pagar o novo piso salarial estabelecido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) criou uma crise sem precedentes com o Sindicato dos Professores do Pará (SINTEPP).

Ontem o prefeito Edmilson Rodrigues publicou um vídeo em que anunciou um aumento de 33,24% no salário base dos professores da rede municipal de Belém. Rapidamente, grupos de comunicação local e militantes do PSOL divulgaram como “prefeito de Belém dará reajuste de 33,24% aos professores”.

Quem leu isso pode ter pensado que finalmente Edmilson concedeu o reajuste e parou de enrolar a categoria. Mas não é bem isso. A equipe de Edmilson usou de uma estratégia semântica para tentar criar uma narrativa. Explicamos.

O município de Belém desde 2016 não paga o piso salarial integral dos professores. Portanto, a remuneração dos professores da rede municipal esteve abaixo do estabelecido em lei federal. Quando o presidente Bolsonaro concedeu aumento em fevereiro passado, em aproximadamente 33,24%, isso foi sobre o piso nacional, isto é, sobre o valor de R$ 2.886 e que, com o reajuste, passou para R$ 3.845 para professores com 200h de trabalho.

Em Belém, no entanto, esse mesmo professor com 200h de trabalho recebe apenas R$ 1.844,80, ou seja, Edmilson pagava apenas 64% do antigo piso. Para que Belém comece a pagar o piso salarial do Bolsonaro, a prefeitura teria que conceder um reajuste de 106%, ou melhor, começar a pagar cerca de R$2 mil reais a mais no contracheque de cada professor com 200h de trabalho.

E aí que entra a tentativa de narrativa. Como para o povão ficou que Bolsonaro deu aumento de 33,24% para os professores, Edmilson aproveitou e usou esse mesmo percentual para tentar passar que cumpriu com o que foi estabelecido em lei federal, mas como sabemos lá da matemática básica 10% de 10 é diferente de 10% de 100.

Veja a diferença de remuneração entre o que foi estabelecido em lei federal e o que será pago em Belém. Ilustração.

O QUE DIZ O SINTEPP

Segundo a coordenação do SINTEPP em Belém, professora Silvia Letícia, não concorda com a proposta. Além disso, não há acordo para parcelamento do retroativo do piso, já que o novo valor deveria começar a ser pago em janeiro. “Sequer consideraram as propostas apresentadas na última Assembleia, que é parcelar o pagamento do piso em duas vezes e incluir no debate o PCCR Unificado (Plano de Cargos e Carreiras), que seria incluir o administrativo, o porteiro, a merendeira, o servente da escola”, completou Sílvia Letícia.

A representante do SINTEPP diz ainda que a categoria saiu da reunião com a Prefeitura por volta das 11h30 desta quinta-feira (10), quando o prefeito Edmilson Rodrigues já tinha postado o vídeo anunciando o reajuste. Ou seja, a medida foi divulgada sem que houvesse uma negociação. “Nós achamos que é um absurdo, porque a categoria já tinha rejeitado em Assembleia essa proposta do governo”.

Quanto à informação anunciada, de que o salário da maioria dos trabalhadores sairá de cerca de 6.900 reais para 8.800 reais, Silvia Letícia argumenta que a gestão está considerando o valor bruto, incluindo as gratificações. “Mas quando tu vais olhar no contracheque, tu percebe 27% de desconto de imposto de renda, 11% de alíquota previdenciária, que eles querem aumentar para 14%. É um absurdo falar no bruto. Ele tem que falar no salário líquido, quanto os trabalhadores recebem, mostrando todos os descontos obrigatórios”.

Segundo ela, aproximadamente 5% dos professores do município têm doutorado, 10% mestrado e 80% tem especialização. “O salário dos professores, o que ele pega para pagar as dívidas, é de 2.500 ou 3 mil no máximo, para dois turnos de trabalho, 50 crianças numa sala. E a Lei fala de piso. Temos que discutir piso, não teto”, concluiu. 

Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar