Belém (PA) – O Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor/PA) publicou, na quarta-feira, 17, uma nota de repúdio às fake news e em apoio aos jornalistas Ronaldo Brasiliense e Orly Bezerra, que foram alvos de mandados de busca e apreensão em suas casas, em operação de Polícia Civil do Pará, na terça-feira, 16, em Belém e em Óbidos.
Além do Sinjor/PA, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho; o vereador Fabrício Gama, na Câmara Municipal de Belém; e o deputado federal Cássio Andrade (PSB), além da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se manifestaram e repudiaram a operação da Polícia Civil e em apoio aos dois jornalistas.
Nota Sinjor/PA – “O Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor/PA) vem a público afirmar que o combate à propagação de notícias falsas é absolutamente necessário diante da conjuntura nacional. Porém, a atuação dos agentes públicos não pode resultar em ações arbitrárias e tampouco no uso político das forças de segurança estaduais contra jornalistas. Na terça-feira, 16, os jornalistas Orly Bezerra e Ronaldo Brasiliense foram surpreendidos com uma investida da Polícia Civil em suas residências, para cumprir mandado de busca e apreensão em um inquérito em que, somente mais tarde, se soube que seria sobre investigação de fake news. Os policiais chegaram à residência de Orly Bezerra às 6 horas e fizeram a mesma operação na agência Griffo, também de sua propriedade. Às 15 horas, a Polícia Civil de Santarém fez a mesma busca na casa de Ronaldo Brasiliense, no município de Óbidos, no oeste paraense. Em ambos os casos, os policiais levaram equipamentos – celulares e computadores -, contendo os acervos de trabalho dos dois profissionais, além de documentos. O combate às fake news é legítimo e preciso. Porém não pode representar censura, ou intimidação, aos profissionais da comunicação no exercício de sua missão de informar à sociedade, com ética e responsabilidade social”.
ABI – A reportagem no site da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) conta os detalhes da intimidação a Ronaldo Brasiliense. “O jornalista paraense Ronaldo Brasiliense foi vítima de uma ação de intimidação na tarde de terça-feira, 16 de junho, em sua casa na cidade de Óbidos, interior do Pará. Quatro policiais civis, cumprindo um mandado de busca e apreensão, revistaram a casa de Ronaldo e levaram dois computadores e um telefone celular, instrumentos de trabalho do jornalista”, diz a reportagem, que pode ser conferida neste link: http://www.abi.org.br/jornalista-intimidado-no-interior-do-para/
Outros apoios – O prefeito de Zenaldo Coutinho, disse em uma live, na terça-feira, 16: “Seria jocoso se não fosse trágico estarmos vivenciando isso na cidade. Os meios de comunicação do governador estão promovendo ataques mentirosos contra seus adversários. Eu estou sendo vítima de informações levianas, diferente do que está documentado no Tribunal de Contas do Município (TCM)”, disse.
A Câmara Municipal de Belém (CMB) aprovou na manhã de quarta-feira, 17, um requerimento que apoia os jornalistas sérios do estado do Pará que estão sendo vítimas de prisões arbitrárias e acusados de propagação de fake news. A autoria é do vereador Fabrício Gama (PMN), que destacou que o problema é nacional, mas que atualmente o Pará tem se destacado nessa manobra de impedir a liberdade de expressão, confundindo a população sobre o real significado da expressão. O pedido foi protocolado no final da tarde de terça-feira, 16.
Em seu pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados, Cássio Andrade (PSB), na quarta-feira, 17, homenageou os jornalistas paraenses que estão sofrendo o que chamou de perseguição política por denunciarem as irregularidades nos contratos celebrados pelo Governo do Pará. “Mas eu quero registrar aqui o que tem acontecido no estado do Pará, uma perseguição a jornalistas que se colocam numa posição de fazer críticas ao Governo, críticas a processos licitatórios e têm sofrido uma verdadeira afronta à democracia. Quero aqui citar o nome do Diógenes Brandão, Eduardo Cunha, Ronaldo Brasiliense e mais recentemente, Orly Bezerra, que sofreu um verdadeiro atentado à democracia. E eu o PSB queremos ser solidários a ele”, destacou o deputado.