O setor madeireiro paraense parece estar entrando em outro ciclo de crise devido a uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), emitida pelo Ministro Alexandre de Moraes, que torna sem efeito a decisão do presidente do Ibama, na época Eduardo Bim, de exigir somente a DOF Exportação, em maio de 2021.
O resultado é que aumentou a burocracia do novo sistema de autorização de exportações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a consequência é a paralisação de empresas que estão há mais de 60 dias com contêineres acumulados e toras de madeira estragando.
Essas dificuldades e prejuízos que o setor madeireiro tem enfrentado no Pará nos últimos dois meses podem acarretar uma greve de trabalhadores do setor ainda em setembro, segundo o diretor jurídico da Associação da Cadeia Produtiva Florestal da Amazônia, Murilo Araújo.
De acordo com ele, diversas empresas já deram férias coletivas e que o próximo passo pode ser uma demissão em massa de funcionários do setor madeireiro no Pará.
A decisão retomava a exigência de pelo menos sete documentos para a exportação de madeira e ocorreu após uma operação da Polícia Federal que registrou madeiras ilegais apreendidas nos Estados Unidos e originadas do Pará.
“Você protocola o pedido e o órgão não dá conta de autorizar nem de um jeito nem de outro. Não dá para fazer manualmente e nem com um sistema falho que até agora não funciona. O Ibama não usa corretamente nem o Sisfomex. A verdade é que o Brasil está indo contra a cultura de exportação mundial que hoje é toda automatizada. Vemos avisos prévios em massa nas empresas do setor e ninguém faz nada. Para piorar, temos no Pará um superintendente sentado lá mas que não tem gestão, tem medo de atender, não conversa com o setor. Lá [em Brasília], substituem o presidente do Ibama por mais um militar que não sabe nada. Tem gente passando fome, desempregada, sem rumo. É uma situação que não dá para esperar”, lamenta Araújo.



