Ser liberal não significa necessariamente defender menos serviços públicos

Por vezes, com tantos recortes ideológicos, acabamos confundido determinadas correntes com características simplistas e estereotipadas. No Brasil é comum, por exemplo, acusarem os liberais de defenderem o fim do Estado, como se eles buscassem uma anarquia.

Nada mais que uma visão errada, pois o liberalismo abarca um variado leque de intensidade de como o Estado deve atuar, ou melhor, de qual seria sua função.

Para entender melhor como isso é possível, vamos começar olhando um plano cartesiano e seus quatro quadrantes ilustrados na imagem abaixo:

Agora vamos imaginar que no eixo horizontal X esteja a defesa de mais ou menos intervenção do Estado na economia e no eixo vertical Y esteja a defesa de mais ou menos serviços sociais, além disso colocamos os nomes de renomados economistas marcados no mapa de acordo com suas características em relação a atuação do Estado na economia e nos serviços públicos. Para melhor visualização, veja a ilustração abaixo:

Dessa forma, se uma pessoa defende que o Estado deve fornecer educação, saúde, segurança, programas de transferência de renda aos mais pobres, e assim por diante, mais acima ele se localiza no eixo vertical. Quanto mais acima, mais o indivíduo defende, em resumo, um Estado de bem-estar social.

Por outro lado, no eixo horizontal está o quanto o indivíduo defende que o Estado interfira na alocação de recursos da economia. Quanto mais o indivíduo defende que o Estado deve proteger certos setores produtivos, conceder crédito direcionado, subsídios, desonerações, que deve regular as relações econômicas, e assim por diante, mais ele se encontra no lado direito do eixo horizontal.

Assim, vamos analisar agora aos países. No segundo quadrante estão os países que possuem uma ampla rede de serviços sociais ao passo que mantêm uma economia relativamente livre, como exemplo, estão os países escandinavos, muitas vezes confundidos com países socialistas.

Já no terceiro quadrante, estão países sem tantos serviços sociais, mas que possuem uma economia relativamente livre, os EUA, por exemplo.

O quarto quadrante concentra os países que não possui tantos serviços sociais e que ao mesmo tempo possui uma economia em que o Estado intervém bastante, aqui está a China, comandada pelo Partido Comunista.

O Brasil está no primeiro quadrante, isto é, o nosso país possui uma ampla gama de serviços sociais ao passo que possui um Estado interventor na economia.

Os liberais estariam na parte demarcada pelo retângulo azul, nele estão marcados alguns renomados pensadores da ideologia como Mises e o brasileiro Marcos Lisboa. Entre eles, varia apenas a divergência de quanto o Estado deve ofertar serviços sociais.