DENÚNCIA

Segundo Hospital de Campanha de Belém nunca foi inaugurado. População questiona recursos gastos

Na metade de maio deste ano, em meio ao pico da pandemia da covid-19, o governo do Estado anunciou que a montagem do que seria o segundo Hospital de Campanha em Belém, no Centro de Convenções da Assembleia de Deus, estava com 80% das obras concluídas. E que o hospital, localizado na avenida Augusto Montenegro, no bairro do Castanheira, teria 240 leitos clínicos para atender pacientes com casos leves e moderados da covid-19 na capital paraense, Belém, e Região Metropolitana.

À época, ainda segundo o governo, em notícia publicada na Agência Pará (agência oficial de notícias do governo), a montagem do hospital iniciou dia 1º de maio e deveria ser concluída em até dez dias. 

Porém, mesmo sem realizar nenhum atendimento médico sequer aos pacientes, o espaço foi totalmente desmontado. Hoje não resta nada lá. O que ainda existe é o incômodo de moradores e trabalhadores do bairro do Castanheira e áreas ao entorno, como do distrito de Icoaraci. Já que muitos deles lembram da promessa feita pelo governo.

“Lembro que montaram muita coisa e colocaram até tenda e cadeiras, do lado de fora, mas nunca teve atendimento. Há mais ou menos dois meses, eles retiraram e desmontaram tudo, e veio um caminhão buscar. A gente esperava que o serviço ia funcionar mesmo e que a gente teria alguma melhoria na saúde, porque muita gente estava doente precisando de apoio e a gente não tinha isso por aqui. Mas, pra nossa surpresa, não atendeu ninguém, desmontaram e ninguém explicou nada para nós moradores nem trabalhadores”, reclama uma autônoma, que trabalha pela área, que tem 34 anos.

Dona de casa Marina Silva, 65 anos, que faz tratamento de leucemia e mora em uma passagem que fica atrás do lugar em que funcionaria o Hospital de Campanha, afirma que soube da montagem do hospital, mas não o viu antes nem hoje. A dona de casa Maria Silva, 65 anos, afirma que a sociedade tem que ser informada sobre o que aconteceu com a obra e os recursos aplicados à montagem do hospital. (Foto: Cleide Magalhães)

“Meus vizinhos comentaram que estavam montando o hospital, mas isso foi no tempo em que eu não saía de jeito nenhum de casa. Agora só saio para ir ao médico, porém, não vejo a obra, porque foi retirada”, lamenta a dona de casa.

Ainda segundo a autônoma, naquele tempo, a população foi prejudicada, porque o atendimento em saúde pela área estava fechado e quem precisava de atendimento tinha que se deslocar para lugares mais distantes.

“Era tudo longe e a gente tinha que ir para as Unidades de Pronto Atendimento de Ananindeua e do centro de Belém. Mesmo hoje o hospital deveria estar aqui, porque permanecemos na pandemia e ainda estamos correndo riscos”, preocupada, diz a mulher.

População questiona sobre aplicação dos recursos públicos

Além disso, as pessoas questionam sobre a utilização dos recursos públicos aplicados em uma obra que nunca atendeu à população, mesmo em tempos da pandemia, que ainda atinge o Pará.

 “O governo deveria explicar para a população porquê o hospital foi desmanchado”, questiona a autônoma, que trabalha há pelo menos três anos no Castanheira”.

Também para a dona de casa Marina Silva a sociedade tem que ser informada sobre o que aconteceu. “Acho que tudo tem que ser explicado, né? A gente tem que ser informado, porque somos seres humanos e precisamos tanto de saúde. Já ouvi dizer que os hospitais hoje estão todos lotados de covid-19. Então, o hospital deveria estar aí e não ser dito que tem hospital e, na verdade, não tem”, critica Maria Silva.

Na manhã desta quarta-feira (2), O Estado somava 6.927 mortes e 272.125 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus (Síndrome Respiratória Aguda Grave – Sars-Cov-2), e 412 casos em análise.

A Secretaria de Comunicação do Governo e a Secretaria de Estado de Saúde foram procuradas, mas ainda não se manifestaram sobre o assunto. 

Fonte O Liberal

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