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Seca severa impacta movimentação de grãos em portos amazônicos em 2024

Associação dos Terminais Portuários prevê queda significativa devido às condições climáticas desfavoráveis e atrasos no plantio.

A previsão de mais um ano de seca severa na Amazônia levanta preocupações sobre a movimentação de granéis vegetais pelos portos da região em 2024. A Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport) já admite uma redução no volume de cargas em relação ao ano anterior, citando problemas climáticos como a principal causa.

Segundo Flávio Acatauassú, presidente da Amport, as operações em 2023 já enfrentaram dificuldades devido à seca no Centro-Oeste, que atrasou o calendário de plantio e resultou em uma queda de 11,5% no volume de milho transportado para os portos amazônicos no primeiro semestre, totalizando 3 milhões de toneladas. No total, foram movimentadas 26 milhões de toneladas de granéis vegetais sólidos de janeiro a junho de 2023, uma redução em comparação às 26,5 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior, conforme dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

A região amazônica, que abriga os principais terminais do Arco Norte, tem se destacado como rota estratégica para o escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste, utilizando hidrovias como os rios Tapajós e Madeira. No entanto, as condições desses rios têm se deteriorado. Em Porto Velho, Rondônia, o nível do rio Madeira atingiu uma baixa histórica de 2,07 metros em 6 de agosto, em comparação aos 3,86 metros do ano anterior. Já no rio Tapajós, a profundidade medida em Santarém foi de 4,74 metros, abaixo dos 5,79 metros registrados no mesmo período do ano passado.

Acatauassú alerta que, diante da taxa de descida do nível da água, será necessário restringir o volume de carga nas hidrovias ainda em agosto. Ele aponta que as condições climáticas na margem esquerda do rio Amazonas podem ajudar a mitigar os efeitos da seca, mas as perspectivas permanecem preocupantes.

Em resposta à situação, a Amport apresentou em maio um plano de dragagem ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), visando melhorar as condições de navegação no rio Tapajós. O presidente da associação espera que as dragagens comecem até setembro, uma vez obtidas as licenças necessárias.

Além dos desafios logísticos, a seca também afeta a produção agrícola na região Norte. Segundo Vanderlei Ataídes, presidente da Aprosoja-Pará, a produtividade das lavouras de milho tem sido severamente prejudicada, com relatos de colheitas abaixo de 30 sacas por hectare em algumas áreas. Em Rondônia, Victor Paiva, diretor-executivo da Aprosoja local, informou que a produtividade média da soja na safra 2023/24 caiu 13%, e as previsões para 2024/25 indicam um cenário ainda mais desafiador.

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