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Rua histórica de Belém ganha ‘teto de crochê’ feito por 200 artesãos para receber visitantes da COP 30

Intervenção artística cobre 60 metros da travessa Ocidental, no Complexo do Ver-o-Peso, e valoriza a produção artesanal e a autoestima de mulheres paraenses

A travessa Ocidental, no coração do centro histórico de Belém, ganhou novos tons, texturas e significados nesta semana. Mais de 200 artesãos do Pará se uniram para criar um grande “teto de crochê”, instalado sobre 60 metros da via que integra o Complexo do Ver-o-Peso, ao lado do Mercado de Carne Francisco Bolonha. A intervenção começou a ser montada na quarta-feira (12) e já se tornou um dos cenários mais fotografados da cidade durante a COP 30.

A ação integra o movimento Ver a Arte, criado pela empreendedora e artesã Patrícia Resque, e tem como objetivo embelezar a cidade para receber visitantes de todo o mundo, ao mesmo tempo em que dá visibilidade a centenas de mulheres que vivem do trabalho manual. A iniciativa reúne artesãs experientes, iniciantes e pessoas que encontraram no crochê um refúgio emocional, terapêutico ou uma fonte de renda.

“Temos mães solo, mães atípicas, pessoas enfrentando depressão, mulheres em tratamento oncológico, gente que trabalha por amor e gente que sustenta suas famílias com o crochê. Essa ação é para valorizar todas elas”, afirma Patrícia Resque.

Mil novelos, um mês de trabalho e uma cidade envolvida

Cada artesão produziu manualmente pequenos quadrados — os chamados squares — que foram costurados para formar uma grande manta colorida. Mais de mil novelos de linha 100% algodão foram usados. Toda a confecção foi voluntária e concluída em tempo recorde: um único mês.

“Não tem como falar de sustentabilidade sem falar de crochê. Os fios de algodão ajudam a reduzir o calor, têm menos impacto ambiental e ainda representam um trabalho que transforma vidas”, explica a crocheteira e influenciadora Mayla Coelho, embaixadora do projeto. Foi ela quem mobilizou grande parte das artesãs pelas redes sociais.

A iniciativa também funciona como um motor de autoestima. Para muitas participantes, a experiência significou superar limites e redescobrir habilidades.

“Eu nunca tinha feito nada em linha, só trabalhava com fio de malha. Quando o projeto apareceu, me desafiei e consegui fazer três squares! Fiquei muito feliz”, comemorou Simone Gomes, de 52 anos, que participou pela primeira vez de uma ação coletiva.

Entre tradição, memória afetiva e terapia

Para a artesã Ângela Sueli, 66 anos, o crochê é mais que técnica: é cura.
“É terapia. Mexe com o cérebro, com as articulações, com tudo. Foi maravilhoso participar. As crocheteiras do Pará precisam dessa valorização”, conta.

Já a veterana Sueli Lima, paraense que vive no Rio de Janeiro e divulga a cultura do Círio e do Pará no sudeste, decidiu estender sua estadia na cidade só para participar da montagem. “Temos que prestigiar a nossa cultura. O Pará é lindo, e esse trabalho mostra isso”, diz.

O projeto também resgata a ancestralidade, reforça Patrícia Resque:
“O crochê passa de mãe para filha, de geração em geração. É memória afetiva, é identidade. E queríamos que Belém mostrasse isso ao mundo.”

Ajustes e cuidados técnicos

Por se tratar de uma iniciativa independente, a rede foi instalada inicialmente a uma altura mais baixa, respeitando a fiação elétrica da região. Os organizadores já pediram apoio da Prefeitura de Belém para elevar a estrutura com segurança e permitir a passagem de veículos maiores, como caminhões que abastecem o mercado.

Mesmo assim, desde o início da montagem, moradores, turistas e comerciantes passaram a registrar a intervenção, que já se tornou um dos pontos mais fotografados da COP 30.

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