As riquezas minerais do Brasil voltaram ao centro da disputa global. Com grandes reservas de cobre, manganês, níquel e potencial para terras raras, o país tornou-se alvo de interesse de potências como os Estados Unidos — e o Pará desponta como um dos estados mais estratégicos nesse cenário.
Segundo levantamento do Serviço Geológico do Brasil (SGB), o Pará é um dos 12 estados brasileiros com potencial para a presença de terras raras, grupo de 17 elementos químicos essenciais para setores como tecnologia, energia limpa e indústria de defesa. Além disso, já é protagonista na produção nacional de cobre, manganês e níquel, com minas de grande porte em regiões como Carajás e Marabá.
Terras raras: estratégicas e cobiçadas
Apesar do nome, as terras raras não são minerais escassos, mas a extração e o refinamento desses elementos são complexos e caros, o que os torna estratégicos para países que buscam independência energética e tecnológica. Eles são fundamentais para a produção de baterias, painéis solares, turbinas eólicas, chips e veículos elétricos — além de aplicações militares.
Enquanto as principais reservas confirmadas estão em Minas Gerais, Goiás e Amazonas, o Pará pode abrigar depósitos ainda pouco estudados, aumentando o interesse internacional.
Trump pressiona e ameaça tarifas ao Brasil
De olho na demanda crescente por minerais críticos, o presidente norte-americano Donald Trump indicou que pretende garantir acesso preferencial das empresas norte-americanas a recursos brasileiros. Ele também estuda impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, caso não haja acordo que favoreça os EUA no fornecimento de cobre, níquel e terras raras.
Fontes do setor mineral apontam que Trump quer reduzir a dependência norte-americana da China — hoje líder global na produção de terras raras — e vê no Brasil uma alternativa estratégica, especialmente em estados como Pará e Goiás.
Pará: riqueza e desafio
O Pará concentra minas de cobre e níquel entre as maiores do país, como Sossego, Salobo, Onça Puma e Vermelho, além de ser referência na produção de manganês. Com a possível confirmação de depósitos de terras raras, o estado pode ganhar ainda mais peso na balança comercial brasileira.
No entanto, ambientalistas e economistas alertam para os riscos de exploração predatória e acordos desvantajosos. O governo federal estuda medidas para proteger os recursos e estimular a industrialização interna, evitando que o Brasil continue exportando apenas matéria-prima e perca o potencial de agregar valor à cadeia produtiva.
Com a COP 30 marcada para novembro, em Belém, o debate sobre como equilibrar desenvolvimento econômico, preservação ambiental e soberania mineral promete ganhar força.



