O Rio Tapajós atingiu, nesta segunda-feira (23), um nível de apenas 1,15 metros em Santarém e 1,19 metros em Itaituba, na região oeste do Pará. A Agência Nacional das Águas (ANA) declarou, pela primeira vez, uma situação crítica de escassez hídrica no trecho do rio que conecta os dois municípios. O nível atual está 1,33 metros abaixo do registrado na mesma data em 2023, agravando as consequências da estiagem severa que já afeta diretamente o turismo e a subsistência de comunidades ribeirinhas.
Turismo em Alter do Chão e navegação são severamente afetados
A seca já comprometeu a principal fonte de renda de catraieiros em Alter do Chão, que estão impossibilitados de realizar a tradicional travessia de turistas entre a Orla e a Ilha do Amor, devido ao baixo volume de água. A situação tem prejudicado a atividade turística na vila balneária, um dos principais destinos da região.
Além do turismo, comunidades ribeirinhas em áreas como Aritapera, Lago Grande e Tapará enfrentam dificuldades de navegação, acesso à água potável e alimentos. Pescadores também reportam grandes prejuízos, já que a seca afeta a pesca, fundamental para a economia local.
Governo Federal reconhece situação de emergência
Diante do agravamento da crise hídrica, o Governo Federal reconheceu, no último dia 19, a situação de emergência em cinco municípios do oeste paraense: Santarém, Juruti, Prainha, Óbidos e Oriximiná. Esse reconhecimento permite que as prefeituras solicitem recursos federais para ações emergenciais de Defesa Civil.
As regiões mais afetadas incluem comunidades ribeirinhas, reservas extrativistas e distritos, onde a seca compromete a subsistência e, em alguns casos, levou a situações extremas, como o transporte improvisado de crianças para a escola em Boim. Ali, o responsável pelo transporte fluvial precisou carregar 13 alunos nos ombros para garantir que não perdessem provas, pois as embarcações não conseguem mais chegar à margem.
A Prefeitura de Santarém decretou estado de emergência no dia 17 de setembro, permitindo a mobilização de todos os órgãos municipais e a realização de campanhas de arrecadação de recursos para auxiliar as comunidades atingidas pela seca.