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Redução de carbono na agropecuária poderia ter gerado mais de US$ 5 bilhões para o Pará, aponta estudo

Em 2021, o estado do Pará foi o maior emissor de dióxido de carbono no Brasil, com aproximadamente 447,9 milhões de toneladas de CO₂.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realizou um estudo para estimar o valor que um produtor rural pode receber ao reduzir a emissão de gases de efeito estufa na agropecuária. Segundo a pesquisa, cada tonelada de carbono equivalente evitada corresponde a US$ 11,54. O cálculo se baseou em dados de emissões agropecuárias de 2021, com ajuste monetário atualizado, e utilizou informações de 32 estudos publicados entre 2004 e 2024 em diversos países. O resultado foi publicado na Revista de Economia e Sociologia Rural, da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober).

A metodologia empregada pela Embrapa considera critérios utilizados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para avaliação de políticas ambientais. Foram utilizados modelos de custo marginal para redução de emissões e modelos de avaliação integrada, que calculam impactos climáticos, adaptação, produção agropecuária e efeitos na saúde humana.

O estudo também destaca a variação no preço do carbono entre diferentes contextos. Segundo a Embrapa, o valor pode oscilar entre US$ 2,60 e US$ 157,50 por tonelada, a depender da base de comparação. No Brasil, o programa RenovaBio, que regula os Créditos de Descarbonização (CBIOs) para biocombustíveis, estabelece um valor de aproximadamente US$ 13 por tonelada de carbono não emitida.

Em 2021, o estado do Pará foi o maior emissor de dióxido de carbono no Brasil, com aproximadamente 447,9 milhões de toneladas de CO₂. Aplicando o valor de US$ 11,54 por tonelada, o Pará poderia potencialmente receber cerca de US$ 5,17 bilhões por ano ao reduzir essas emissões.

Estoque em manguezais

Um estudo recente revelou que os manguezais do Pará abrigam o maior estoque de carbono azul do Brasil, com aproximadamente 574,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) armazenadas. Esse potencial pode representar uma oportunidade econômica significativa, estimada em pelo menos R$ 14,8 bilhões em créditos de carbono no mercado voluntário.

Os manguezais desempenham um papel fundamental na regulação climática, capturando e armazenando grandes quantidades de CO₂, o que reforça a importância da conservação desses ecossistemas para o equilíbrio ambiental e o desenvolvimento sustentável.

Outros mercados

Mercados voluntários e regulamentados de carbono também demonstram diferenças expressivas. No programa voluntário da Tailândia, por exemplo, o preço do carbono está em torno de US$ 0,70 por tonelada, enquanto no Japão o programa de compensações registra US$ 67 por tonelada. A Embrapa aponta que países com economias mais desenvolvidas tendem a pagar menos aos produtores pela redução de emissões, enquanto mercados menos regulamentados nem sempre elevam os preços conforme a emissão de CO₂ aumenta.

O uso de fertilizantes nitrogenados na agricultura é um dos fatores que influenciam diretamente no valor da precificação do carbono. A estimativa do preço do carbono pode auxiliar na formulação de estratégias para estimular práticas sustentáveis na agropecuária. Para Daniela Tatiane de Souza, economista da Embrapa e coordenadora do estudo, em entrevista ao Globo Rural, a definição de um valor de referência é essencial para que programas de incentivo consigam estabelecer parâmetros econômicos viáveis para o setor.

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