
O Rio Grande do Sul está enfrentando uma das maiores tragédias de sua história, com milhões de pessoas afetadas e milhares que perderam tudo devido às fortes chuvas que castigam o estado há mais de uma semana. No entanto, foi somente a partir da última segunda-feira, 06, que o resto do Brasil pôde acompanhar com mais detalhes o sofrimento dos gaúchos e sua luta por sobrevivência, quando a mídia nacional finalmente deu destaque ao ocorrido.
Até então, a mobilização já ocorria nas redes sociais, com vídeos e imagens multiplicando-se para mostrar a situação no RS. No entanto, a mídia tradicional ainda não havia dado a devida atenção, enquanto o show de Madonna recebia mais cobertura do que a tragédia nacional.
Mesmo o RS sendo um dos estados mais importantes do Brasil, os gaúchos sentiram na pele o que é ser invisível para a mídia nacional. Mas quando isso acontece em estados menores e mais afastados do eixo RJ-SP? Não se trata de comparar tragédias, mas sim de evidenciar a invisibilidade na cobertura midiática quando desastres acontecem em outras regiões do Brasil, fora do eixo Rio-São Paulo. A indignação é justa: não é necessário uma tragédia para o Sul perceber que é invisibilizado também. Tudo que não seja Rio de Janeiro ou São Paulo parece desaparecer dos olhos da mídia.
Enquanto isso, o Norte do país vem sofrendo há anos:
- O Amapá ficou três semanas sem luz e praticamente ninguém se importou.
- Manaus foi coberta de fumaça e a população sufocou sem que isso ganhasse a devida atenção.
- O Acre enfrentou enchentes este ano e não teve metade da comoção.
- O genocídio dos indígenas Yanomami em Roraima é uma tragédia que frequentemente passa despercebida.
A pressão nas redes sociais finalmente fez a Globo mudar seu enfoque, dando importância ao que acontecia no RS e deslocando William Bonner para ancorar o Jornal Nacional de lá. A mobilização nacional pelo RS, do Norte ao Sul, dos estados mais ricos aos mais pobres, mostra que, apesar das diferenças, somos uma só nação. No entanto, é fundamental que essa solidariedade se estenda a todas as regiões do país, independentemente de sua posição geográfica ou econômica. As tragédias do Norte não podem continuar invisíveis ao Brasil.