Prefeito e prefeito eleito de Belém silenciam sobre dados alarmantes do IBGE que mostram cidade como a mais favelizada do país
Estudo do IBGE revela que 57% da população de Belém vive em áreas precarizadas; gestão atual e futura não se pronunciam sobre situação
A pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que coloca Belém como a capital com o maior percentual de população vivendo em favelas, ainda não teve resposta do atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) nem do prefeito eleito Igor Normando (MDB). Segundo o levantamento, 57,17% dos habitantes de Belém, cerca de 745 mil pessoas, vivem em áreas urbanas precarizadas, o maior índice entre todas as capitais brasileiras.
A divulgação dos dados ocorre em um momento de visibilidade nacional e internacional para a cidade, que se prepara para sediar a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em 2025. A ausência de posicionamento das lideranças municipais geram questionamentos entre especialistas e movimentos sociais sobre a priorização de investimentos e políticas públicas para reduzir a desigualdade habitacional na cidade.
Gestão pública e desafios estruturais
Até o momento, o prefeito Edmilson Rodrigues não comentou sobre ações específicas para enfrentar o déficit habitacional ou intervenções para urbanizar áreas de favela. Da mesma forma, Igor Normando, eleito recentemente, ainda não se pronunciou sobre seus planos para melhorar as condições de vida nessas comunidades.
A cidade de Belém enfrenta problemas estruturais como falta de saneamento básico, habitações em palafitas e ocupações irregulares em áreas de risco. A baixa cobertura de esgoto impacta cerca de 16% dos moradores, que vivem sem acesso adequado a serviços básicos. A comunidade Vila da Barca, situada em área alagadiça, é um exemplo emblemático dos desafios enfrentados pela população, convivendo há décadas com falta de infraestrutura.
Crescimento desordenado e perspectivas para o futuro
Para Jorge Tedson, presidente da Central Única das Favelas (Cufa) no Pará, o crescimento desordenado é um problema urgente que exige mais atenção do poder público. A recente inclusão do projeto Vila da Barca no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é um passo para a urbanização da área, mas, segundo Tedson, outras favelas também precisam de atenção. “A retomada de programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, é positiva, mas ainda insuficiente para resolver as demandas de quem vive em áreas de risco”, afirmou.
A gestão de Igor Normando tem promessas de conclusão do projeto habitacional da Vila da Barca, e a expectativa é que novas iniciativas de urbanização sejam anunciadas. No entanto, a ausência de pronunciamento oficial sobre os dados do IBGE até agora gera dúvidas sobre o compromisso com políticas de inclusão habitacional.