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Por que o Pará não se destaca em esportes olímpicos?

Apesar do legado de Guilherme Paraense, primeiro brasileiro a conquistar uma medalha de ouro olímpica em 1920, o Pará tem pouca tradição nos esportes olímpicos. O estado conta com apenas 10 representantes em toda a história dos Jogos, sendo Michel Trindade, do boxe, o único participante na edição de Paris 2024. A escassez de investimento e estrutura são apontadas como principais fatores para esse desempenho modesto. O vizinho Maranhão, por exemplo, somente nesta edição tem 5 representantes, com destaque para Rayssa Leal, do Skate.

O último que conseguiu ganhar medalha foi Paulo Henrique Ganso, pela seleção brasileira de futebol em Londres de 2012, com a medalha de prata. Somente ele e Guilherme Paraense foram medalhistas olímpicos naturais paraenses.

No boxe, esporte com maior representação paraense em Olimpíadas, nomes como Mike Carvalho, Glaucélio Abreu e Julião Neto figuraram em edições passadas. Contudo, a falta de apoio financeiro e de infraestrutura adequada obriga muitos atletas a buscar melhores condições fora do estado, como é o caso de Michel Trindade. “No estado é muito difícil um atleta viver só do esporte, pela falta de apoio. Quando cheguei à seleção brasileira, vi que fora de Belém temos melhores condições de treino e minha melhora foi evidente”, relata Trindade.

Mônica Rezende, primeira paraense na seleção brasileira de natação nos Jogos de Seul 1988, também enfrentou dificuldades semelhantes. “Não existem clubes no Pará com condições financeiras de manter um atleta de alto rendimento”, afirma. Para ela, é necessária uma melhor estrutura e um olhar mais atento ao esporte olímpico dentro das agremiações.

Em com relação aos apoios do governo do Pará? No estado há o Bolsa Talento, que contempla 71 atletas com ajudas de custo para treinos e competições. Segundo a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), os gratificados na categoria “nacional” recebem R$ 1.125,63 mensais, enquanto aqueles que estão na categoria “estadual” garantem R$ 750,45 por mês, além de cinco treinadores, que ganham o valor de R$ 900,49. Todos os valores abaixo de um salário mínimo e impossível para manter um atleta de alto rendimento por aqui.

Essa falta de incentivo tem levado muitos atletas a abandonar suas modalidades ou a buscar investimento em outros estados. Sem mudanças, o Pará continuará a desperdiçar talentos e a ver poucos representantes nas Olimpíadas.

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