Por que a população desfruta dos espaços públicos de Ananindeua e o mesmo não acontece em Belém?
Há algum tempo, compartilhamos um comentário, originado no X, ressaltando a vitalidade dos espaços públicos de Ananindeua, repletos de pessoas desfrutando desses locais, como deveria ser em qualquer ambiente urbano.
Obviamente, torna-se inevitável a comparação com Belém, dado que as cidades são vizinhas. Em Belém, ao contrário de Ananindeua, a maioria dos espaços públicos estão em desuso, carente de cuidados, e tornaram-se motivos de insegurança e degradação urbana.
Um exemplo que ilustra bem essa situação é a Praça Waldemar Henrique. O local permanece vazio na maior parte do dia, com uma sensação de insegurança tão intensa que as pessoas evitam passar por ali. À noite, a praça se torna um ponto de consumo de drogas, sendo tomada por moradores de rua e usuários de entorpecentes. O espaço, que poderia dar vida a uma região pouco movimentada da cidade, sofre com um entorno pouco acolhedor.
Não muito longe dali, encontra-se a Praça da República. A iluminação precária e a falta de segurança também afastam o público durante a noite. A única movimentação ocorre nas proximidades do icônico Bar do Parque e nos domingos, quando é realizada uma feirinha de artesanato.
Recentemente, a Prefeitura de Belém inaugurou o Boulevard da Gastronomia, um local que prometia ser um ponto de encontro de bares e restaurantes. No entanto, a movimentação foi notável apenas no dia da inauguração. Após esse evento, o calçadão tem registrado pouca atividade, a praça dos Estivadores continua com poucos frequentadores, e há poucos atrativos para atrair mais pessoas ao local.
Há inúmeros outros locais assim espalhados por esta região de Belém, como a Praça dos Mercedários, Praça do Relógio, Praça D. Pedro II, Praça do Carmo, Largo da Trindade, Complexo de São Brás, entre outros. A Praça Batista Campos ainda mantém alguma movimentação, por estar localizada em uma área de uso misto (comercial e residencial), conseguindo manter um certo nível de atividade, apesar de estar abandonada, assim como a maioria dos espaços aqui citados.
Por outro lado, Ananindeua, que por anos foi conhecida como cidade dormitório, vive uma situação oposta. A população se apropriou dos espaços públicos no melhor sentido desse termo, ocupando e utilizando esses locais como pontos de convívio. O poder público também desempenha seu papel, revitalizando esses espaços, introduzindo novos equipamentos e incentivando o empreendedorismo com a instalação de quiosques padronizados. Além disso, há um esforço para levar espaços públicos de alta qualidade para áreas periféricas da cidade, ampliando o acesso da população, como é o caso da própria Orla inaugurada no início deste mês no bairro do Icuí.
Tudo isso se reflete no próprio ambiente urbano. Espaços movimentados, com pessoas nas ruas a qualquer hora, proporcionam uma maior sensação de segurança e contribuem para manter a vitalidade urbana. No entanto, locais degradados afastam a população, irradiando para regiões vizinhas e afastando cada vez mais as pessoas, como num ciclo vicioso. É o que acontece em Belém, onde caminhar por alguns locais após determinados horários se tornou motivo de medo devido à violência.
Os espaços com alguma movimentação não são totalmente abertos, apesar de serem espaços públicos, como é o caso da Estação das Docas e o Porto Futuro. Estes dois, diga-se de passagem, estão sob responsabilidade do governo do Pará.