A Polícia Militar do Pará está investigando uma acusação de racismo que surgiu após uma briga generalizada em uma das ruas mais movimentadas de Belém, logo após a procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no último domingo (13). A confusão ocorreu em um bar na Rua Benjamim Constant, por volta das 23h, e envolveu o universitário Paulo Vitor Brito, de 25 anos, e outros frequentadores do local. A abordagem policial que pôs fim à briga gerou protestos de racismo por parte de Wallace Douglas dos Santos, de 29 anos, que afirma ter sido tratado de forma discriminatória pelos agentes.
Segundo o relato de Paulo Vitor, o incidente começou quando uma mulher, aparentemente alcoolizada, fez um comentário preconceituoso sobre sua presença no bar, o que deu início a um bate-boca. A situação evoluiu para uma briga física com Manoel Neto, outro frequentador do bar, e logo se agravou quando Wallace Douglas entrou na confusão para defender o amigo. A briga, que continuou do lado de fora do estabelecimento, envolveu ainda Deusdedith Brasil Neto, de 26 anos, que se juntou à luta para proteger Paulo Vitor. Vídeos gravados por testemunhas mostram Wallace e Deusdedith atracados no chão em meio ao tumulto.
Com a chegada de uma viatura da Polícia Militar, a briga foi contida, mas a abordagem dos policiais gerou acusaões de racismo. Wallace, que é negro, afirmou ter sido o único revistado de maneira agressiva pelos agentes. “Eles enfiaram a mão nos meus bolsos, dentro do meu short, enquanto não fizeram nada com Deusdedith, que é branco”, disse ele. Embora tenha relatado que não foi agredido fisicamente, Wallace considerou a abordagem desproporcional e discriminatória, afirmando que os policiais o jogaram contra a parede sem justificativa, enquanto os demais envolvidos não foram revistados.
No dia seguinte, Wallace procurou o advogado Hugo Mercês, referência em Direito Antidiscriminação, que entrou com uma denúncia formal na Corregedoria da Polícia Militar do Pará. “Apesar de várias pessoas estarem envolvidas nos fatos, apenas o meu cliente, o único negro, foi abordado de maneira truculenta pelos policiais”, declarou o advogado, destacando que o comportamento dos agentes precisa ser investigado à luz das normas de conduta policial.
Por outro lado, os outros envolvidos na briga, Paulo Vitor e Deusdedith, negam que a ação dos policiais tenha sido motivada por racismo. Deusdedith, que é branco, afirmou que ele mesmo chamou a polícia para conter Wallace e que, antes da abordagem, os policiais pediram que Wallace se rendesse, o que ele não teria feito. “A abordagem foi diferente porque ele não obedeceu a ordem de se render”, justificou Deusdedith.
A Polícia Militar do Pará, por meio de nota, informou que todas as providências necessárias serão tomadas para apurar o caso e responsabilizar os envolvidos, caso seja comprovada qualquer irregularidade. “Todas as providências serão tomadas para responsabilizar os envolvidos”, afirmou a corporação.