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Plataforma digital inédita foca exclusivamente na produção cultural da Amazônia

Com acervo de milhares de obras, novo serviço de streaming será lançado no mesmo ano em que Belém sedia a COP30. Iniciativa busca dar visibilidade à arte, música, literatura e culinária amazônicas, ainda pouco difundidas nas grandes mídias.

Uma nova plataforma de conteúdo cultural, 100% dedicada à produção da região amazônica, foi lançada nesta segunda-feira (7). O projeto tem como objetivo ampliar a visibilidade das expressões artísticas, musicais, literárias e gastronômicas da floresta, muitas vezes ausentes nas mídias nacionais e internacionais. O lançamento ocorre no mesmo ano em que Belém sedia a COP30, a Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, o que deve ampliar ainda mais o alcance da iniciativa.

A ideia de criar a plataforma nasceu antes mesmo da confirmação da COP30 no Brasil. Para o CEO e fundador do projeto, Alexandre Agra, a proposta é usar a cultura como meio de proteção ambiental e valorização do território. “Nossa ideia é proteger a Amazônia a partir da percepção da escassez de espaço nas mídias para a produção cultural da região. Só se pode proteger o que se conhece”, afirmou.

Logo em seu lançamento, o serviço já contará com um acervo robusto: são 300 filmes, 30 mil músicas, 2.500 livros, mais de 750 obras artísticas e um glossário com 330 verbetes sobre alimentos e ingredientes regionais. Entre os títulos disponíveis estão clássicos como Amazonas – O Maior Rio do Mundo (1992), de Silvino Santos, Brincando nos Campos do Senhor (1991), de Hector Babenco, além de produções recentes como a série paraense Olhares do Norte. A assinatura mensal da plataforma custará R$ 9,90.

A diversidade da Amazônia é tratada como o principal trunfo do projeto. “Estamos falando de uma região que representa mais de 60% do território nacional, com mais de 180 línguas indígenas faladas”, explica a diretora-executiva e gestora cultural Mariana Dupas. “Há um número enorme de artistas e produtores que enfrentam desafios de estrutura, formalização e distribuição de suas obras.”

Além de disponibilizar conteúdo, a plataforma pretende atuar no fortalecimento da cadeia produtiva local. “Nos deparamos com produções muito potentes que ainda não estão formalizadas em distribuidoras ou editoras. Nosso papel também será viabilizar projetos para apoiar esses criadores”, afirma Mariana.

O serviço é dividido em seções temáticas, como filmes e séries, música, artes visuais, alimentação e loja. No setor musical, estarão disponíveis desde cantos indígenas até gêneros populares como tecnobrega e indie amazônico. Na parte literária, o catálogo incluirá autores como Milton Hatoum (Dois Irmãos), Violeta Loureiro (Amazônia Colônia do Brasil) e Thiago de Mello (Faz Escuro Mas Eu Canto).

Na loja virtual, o público poderá adquirir artesanato e ingredientes alimentícios da região, com renda revertida para os produtores locais. A proposta é reposicionar a Amazônia no mercado global da economia criativa, tornando as produções acessíveis não só ao público estrangeiro, mas principalmente aos brasileiros.

O desafio, segundo os idealizadores, será competir com os grandes serviços de streaming. “O problema nunca foi a qualidade ou a quantidade da nossa produção, mas sim a distribuição. O brasileiro gosta de se ver e se ouvir, mas ainda enfrenta uma barreira de acesso à própria cultura”, afirma Alexandre Agra. “Com as novas tecnologias, temos uma nova chance de reposicionamento.”

Mariana reforça que a disputa por espaço é desigual. “Os grandes streamings chegam com um rolo compressor e dominam tudo. Mas, quando temos a chance de olhar para o que é nosso, nos encantamos. É isso que queremos mostrar com a plataforma: a potência da nossa cultura.”

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