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PF investiga uso do projeto do canal São Joaquim e da bacia do Mata Fome em esquema de propinas com imóvel no Leblon, diz Folha de S.Paulo

Operação “Óbolo de Caronte” apura desvio de recursos de obras de macrodrenagem em Belém, apresentadas como prioridade da COP30; esquema teria envolvido carro de luxo, apartamentos e R$ 5,3 milhões em propinas.

A Polícia Federal (PF) investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo o projeto do canal São Joaquim e o Programa de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Mata Fome, apresentados pela Prefeitura de Belém como iniciativas prioritárias para a COP30. Segundo informações da Folha de S.Paulo, os programas, voltados à prevenção de alagamentos e à urbanização de áreas periféricas da capital paraense, foram usados em um esquema de propinas com pagamento de subornos em forma de carros de luxo e imóveis, incluindo um apartamento no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro.

A investigação da Superintendência da PF no Pará resultou na operação Óbolo de Caronte, deflagrada em 16 de outubro, com 13 mandados de busca e apreensão, afastamento de 12 servidores da Prefeitura de Belém e suspensão de três contratos públicos. Os crimes investigados são organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

De acordo com a PF, o suposto esquema ocorreu durante a gestão do ex-prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), derrotado nas eleições de 2024, e envolveu pagamento de propinas a secretários municipais. O empresário Jorge Quintairos Jacob, dono da empresa F.A.S. Serviços Técnicos, é apontado como responsável pelos repasses ilegais.

Entre 2020 e 2024, a empresa recebeu R$ 153 milhões em contratos públicos com o município. A PF afirma que R$ 9 milhões foram sacados em espécie e que R$ 5,3 milhões foram pagos em propinas. Entre os bens citados estão um carro de luxo de R$ 356 mil, a compra de um apartamento no Leblon e a entrada de outro imóvel em Belém, supostamente destinados à então secretária de Saneamento, Ivanise Coelho Gasparim (PT).

A empreiteira e a ex-secretária não responderam à reportagem, segundo a Folha de S.Paulo. O ex-prefeito Edmilson Rodrigues declarou, em nota, que os contratos foram firmados antes de sua gestão e que não é investigado nem citado pela PF. Já a Prefeitura de Belém informou que colabora com as investigações e abriu sindicância interna para apurar responsabilidades.

Os projetos do canal São Joaquim e da bacia do Mata Fome previam obras de drenagem, pavimentação e saneamento em áreas atingidas por enchentes, com investimentos estimados em R$ 132,7 milhões do PAC Seleções e recursos do Fonplata, banco de desenvolvimento formado por Brasil, Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai. As ações beneficiariam cerca de 130 mil moradores de bairros periféricos de Belém.

Contudo, segundo relatório da PF, as obras estão “em estado de virtual paralisação e abandono”, com apenas intervenções iniciais e pontuais executadas até o final de 2024.

“Milhões de reais foram liberados e pagos à empresa contratada, sem correspondência no canteiro de obras. Enquanto os envolvidos se enriqueciam ilicitamente, importantes obras públicas permaneciam paralisadas ou inacabadas”, afirma o documento.

O Ministério das Cidades declarou que os recursos federais para o projeto não foram liberados, já que a obra não concluiu o processo licitatório.

A investigação também cita o ex-secretário de Planejamento e Gestão Cláudio Puty (PSOL), que teria recebido R$ 180 mil por meio de conta de um familiar, conforme a PF. Ele não foi localizado pela reportagem da Folha para comentar o caso.

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