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Peruca de Éder Mauro vira tema central na campanha eleitoral de Belém

Chacota do governador Helder Barbalho gera debate sobre empatia e escalpelamentos no Pará

A disputa pela prefeitura de Belém tomou um rumo inesperado com a introdução de um tema inusitado no debate eleitoral: a suposta peruca do candidato Éder Mauro (PL). A questão ganhou destaque após uma fala do governador Helder Barbalho (MDB) em um evento de campanha, onde fez uma referência jocosa ao acessório, transformando o tema em arma política nas mãos do adversário.

Durante um comício na periferia de Belém, Barbalho, em tom de deboche, pediu uma “pisa bem dada” nas urnas contra Éder Mauro e, em seguida, mencionou: “Vai espalhar peruca para todo lado”, enquanto segurava uma peruca no palco. A cena foi presenciada por várias autoridades, incluindo o ministro das Cidades, Jader Filho, e os prefeitos de Recife e Macapá.

Reação de Éder Mauro
Em resposta, Éder Mauro não demorou a transformar a chacota em um ponto de abordagem em sua campanha. Em peças publicitárias na televisão e nas redes sociais, ele usou o episódio para destacar a suposta falta de empatia do grupo político de Barbalho, mencionando as mulheres vítimas de escalpelamentos em embarcações, tragédia recorrente na região amazônica.

“A falta de postura do governador revela a arrogância de um projeto de poder a qualquer custo”, dizia uma peça eleitoral de Mauro. “Nossa campanha é sobre respeito e empatia.”

Em outro vídeo, Éder Mauro apresentou depoimentos de mulheres que perderam o cabelo em acidentes de barco, acompanhados de um médico que alertava sobre os riscos de longo prazo, como o câncer de pele. A campanha também passou a usar a hashtag #BelemComPeruquinha, como forma de reverter a piada em símbolo de empatia.

Contexto dos escalpelamentos no Pará
O Pará lidera o ranking de escalpelamentos no Brasil, um tipo de acidente em que os cabelos de pessoas, muitas vezes mulheres, se enroscam nos motores de embarcações, causando mutilações graves. De acordo com a Fundação Amazônia de Amparo e Pesquisa (Fadespa), o estado registrou 207 casos entre 1964 e 2022, sendo que 98% das vítimas foram mulheres.

Especialistas acreditam que o número real de casos pode ser maior devido à subnotificação, com estimativas superando os 400 casos. Esses acidentes, além de traumáticos, podem causar desfigurações permanentes e impactos psicológicos profundos, e muitas vítimas dependem do uso de perucas para recuperar parte da autoestima.

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