Piratas, milicianos e facções criminosas travam uma intensa disputa pelo controle dos intrincados rios da Amazônia, estendendo-se pelos dois maiores estados da região, Amazonas e Pará. Nessa vasta rota, que se estende desde o rio Solimões (AM) até o Porto de Barcarena (PA), esses grupos buscam dominar o comércio de drogas e armas.
Ao longo dos 1.700 km do rio Solimões, Comando Vermelho, PCC, milícias e piratas engajam-se numa disputa acirrada por drogas e armamentos. As rotas fluviais, como as dos rios Javari, Japurá, Içá, Negro e Envira, tornaram-se corredores para o transporte desses ilícitos até o Porto de Barcarena, de onde as substâncias são encaminhadas para destinos internacionais na Europa, África e Ásia.

Os rios Javari e Japurá destacam-se como vias cruciais, com grupos brasileiros, peruanos e colombianos atuando nessas regiões, conforme revelam fontes na Polícia Civil e no Ministério Público. A complexidade do ambiente fluvial amazônico, com seus igarapés e igapós, proporciona um desafio constante às autoridades no combate a esses criminosos.
A região de Breves (PA), historicamente conhecida pela alta incidência de roubos de embarcações e pelo tráfico, passou a contar com uma vigilância permanente nos últimos quatro anos. No entanto, mesmo diante desse esforço, o crime organizado persiste, como evidenciado em apreensões recentes de substâncias ilícitas.
Os piratas da Amazônia, armados com fuzis e utilizando motos aquáticas velozes, desafiam as forças de segurança ao cruzar os rios, escoltando drogas para as facções criminosas. Enfrentamentos noturnos resultam em corpos lançados nas águas, dificultando as investigações. O rio Juruá, com sua sinuosidade, oferece autonomia aos criminosos, que enterram drogas sob as águas ou as ocultam na densa floresta.
Os confrontos mais significativos ocorrem entre PCC e Comando Vermelho, centrando-se principalmente na capital Manaus. A morte do narcotraficante Jorge Rafaat, em 2016, acirrou a competição, levando os grupos criminosos brasileiros a se envolverem ativamente no tráfico internacional de drogas.
Além do tráfico, esses grupos exploram ilegalmente recursos naturais, como madeira e garimpo, ampliando seu raio de atuação na região. Autoridades agora investigam milícias formadas por policiais militares, suspeitas de participar ativamente no comércio de drogas e armas.



