Pastor evangélico que disse orar pela morte de Paulo Gustavo é condenado à prisão
A Justiça de Alagoas condenou pelo crime de racismo o pastor José Olímpio, da Igreja Assembleia de Deus, que disse em um post na internet orar pela morte de Paulo Gustavo, quando o artista ainda estava internado em estado grave com covid-19. O ator e humorista morreu no dia 4 de maio de 2021. O pastor vai poder recorrer em liberdade.
A declaração do pastor causou polêmica na web, na época em que o ator estava internado com covid. Após repercussão, réu se desculpou e entregou o cargo.
A pena de 2 anos e 9 meses de prisão, inicialmente em regime aberto, foi convertida em prestação de serviços à comunidade. No processo, o pastor alegou que não fez qualquer referência à orientação sexual de Paulo Gustavo nem desejou a morte do ator.
Decisão – Na decisão, proferida na segunda-feira, 25, o juiz Ygor Vieira de Figueiredo disse que a conduta preconceituosa do pastor foi feita diante da orientação sexual do artista. Desde 2019, a Justiça brasileira equipara a homofobia ao crime de racismo.
“No caso em apreço, diante das evidências existentes nos autos, da foto escolhida para a postagem e do reconhecimento nacional do qual gozava o ator, inclusive por seu engajamento na pauta da comunidade LGBQTIA+, o tom discriminatório é cristalino, motivo pelo qual resta demonstrada que a conduta preconceituosa foi feita em virtude da orientação sexual do senhor Paulo Gustavo”, diz o magistrado em trecho da decisão.
Postagem – A postagem foi feita na conta pessoal do pastor no Instagram e apagada depois da repercussão negativa. Acompanhado de uma foto do ator, o texto dizia: “Esse é o ator Paulo Gustavo que alguns estão pedindo oração e reza? E você vai orar ou rezar? Eu oro para que o dono dele o leve para junto de si”.
Dias depois, José Olímpio divulgou uma nota se desculpando pela atitude. Na mesma nota, o pastor entrega o cargo. O Ministério Público Estadual (MP-AL) denunciou o pastor José Olímpio por “crime tipificado no art. 20 da Lei 7.716/1989, praticar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional- racismo”.
Ainda no processo, a defesa do pastor Olímpio afirmou que o processo era fruto de um mal entendido. “Ao dizer que ora para que ‘o dono dele o leve para junto de si’, o Sr. José Olímpio fez referência ao que difunde diuturnamente em suas pregações. Qual seja, que para um indivíduo ser salvo, deve buscar estar ao lado do ‘Pai’ (Deus), seguindo todos os dogmas e o texto Bíblico. O desejo do Sr. José Olímpio era o de trazer o ator Paulo Gustavo para a Igreja, jamais que ele morresse em decorrência da covid-19”.
Contudo, o magistrado, em sua decisão, afirma que a intenção do réu fica evidente no post feito em sua rede social, contrariando a tese defendida pelo seu advogado na ação.
Fonte: G1