Por Adnam Demachki
Trabalhar com números merece, além de fontes confiáveis, uma correta leitura dos dados.
Nesse sentido, gostaria de compartilhar minha avaliação da produção de Paragominas em 2022 e dos cenários futuros.
Paragominas foi o 5o município paraense que mais exportou, com US$ 600.475. 266 (seiscentos milhões, quatrocentos e setenta e cinco mil duzentos e sessenta e seis dólares), um crescimento vertiginoso, mais do que o dobro em relação ao ano anterior – 2021 – que fechou com US$ 276.358,526 de vendas para o mercado externo.
O produto líder em exportações continua sendo a soja, com US$ 458.356,132, também um expressivo crescimento de 77% em relação a 2021, ano que o município exportou US$ 258.250,078.
Em valores nominais esse crescimento deveu-se sobretudo a melhores preços da soja neste último ano, pois em relação ao aumento da produção – apesar de ter havido crescimento no mesmo período – foi proporcionalmente bem menor, na ordem de 30%, de 582 mil toneladas para 756 mil toneladas.
O crescimento da produção de soja ocorreu em razão de melhor produtividade e pela utilização cada vez maior da integração lavoura/pecuária.
Milho e painéis de madeira plantada ocuparam a segunda e terceira colocação na pauta das exportações paragominenses, respectivamente com US$ 101 e US$ 28 milhões de dólares.
A novidade foi o gergelim, que despontou com receita de US$ 9.822.824, equivalentes a 7 mil toneladas exportadas. E, como o gergelim se produz na safrinha, há enorme espaço para o crescimento do plantio. A conferir nos próximos anos.
Paragominas também é um importante produtor de bauxita, cujo minério não é exportado, mas abastece internamente a refinaria de alumina em Barcarena. Com uma produção anual de 10 milhões de toneladas e valor nominal de US$ 300.000.000 (trezentos milhões de dólares), este minério ocupa o segundo lugar na economia local, atrás da soja que passou também a liderar o PIB de Paragominas.
Embora em 5o lugar no ranking das exportações do Estado, Paragominas é o primeiro na exportação do agro, pois todos os anteriores (Parauapebas, Canaã dos Carajás, Marabá e Barcarena), lideram em razão da produção e exportação de minério.
Isto faz de Paragominas – e da região do entorno – o principal polo do agronegócio paraense.
Porém, além do gergelim, nos próximos anos outra novidade deve aparecer nos indicadores embora seu impacto econômico e alcance social ainda seja um desafio para os radares oficiais.
Trata-se do carbono, tanto oriundo da floresta nativa (o chamado REDD+), quanto o de floresta plantada (restauração), cujos projetos já estão sendo desenvolvidos em Paragominas e devem, muito em breve, colocar o município na dianteira da Amazônia.
O município já planeja a criação da primeira cooperativa de produtores de carbono do mundo, de modo a incluir pequenos e médios produtores neste mercado promissor.
Importante lembrar que Paragominas possui 60% do seu território coberto por florestas, boa parte conservadas graças ao esforço da sociedade local, que abraçou o projeto Município Verde, fazendo-o referência no cenário estadual, nacional e internacional.
As florestas, que sempre foram importantes para o meio ambiente, a biodiversidade e o clima, agora prometem gerar novos frutos sociais e econômicos, justos e merecidos. É a chamada economia da floresta em pé. Também a conferir – com ardente expectativa – nos próximos anos.