O governo do Pará anunciou planos de lançar, até o final do primeiro trimestre de 2024, um edital de concessão para o reflorestamento de uma das áreas mais ameaçadas pela Amazônia, a Triunfo do Xingu, localizada no sudeste do estado. Em troca, a empresa que liderar o reflorestamento terá a oportunidade de explorar comercialmente a área, com a principal fonte de receita proveniente do mercado de carbono. Estima-se que a região possa gerar US$ 81 milhões (R$ 400 milhões) durante os 40 anos de concessão.
A área em questão abrange 10 mil hectares, e o reflorestamento tem o potencial de sequestrar 2,7 milhões de toneladas de CO2. O governo paraense aposta no mercado de carbono para reflorestamento, considerando-o mais eficaz ambientalmente e atraente para empresas do que áreas de preservação.
O chamado ARR (Florestamento, Reflorestamento e Revegetação) é a estratégia, com previsão de liquidez devido à eficácia na remoção do carbono da atmosfera. Em áreas de reflorestamento, o governo estima que o sequestro de carbono possa ser comercializado por US$ 30 por tonelada, enquanto em áreas de preservação, o valor pode ser um terço desse montante.
O governo espera concluir a concessão até o final do primeiro semestre de 2024. A empresa vencedora deverá realizar um investimento inicial de US$ 44 milhões (R$ 217 mi), com previsão de retorno em 10 anos.
O governador, Helder Barbalho, destaca a necessidade de zerar o desmatamento e restaurar áreas antropizadas, destacando a crescente importância das áreas de restauração na agenda de carbono.
Além da exploração comercial, a empresa poderá se envolver em atividades como turismo ecológico, biodiversidade (como coleta de sementes), mas a maior expectativa de rendimento é por meio do mercado de crédito de carbono.
Com este edital, o governo paraense cria a figura legal da “unidade de recuperação”, inicialmente aplicada à região de Triunfo do Xingu, marcando o início de um ambicioso projeto para recuperar 5,6 milhões de hectares de florestas estaduais até 2030.
A região de Triunfo do Xingu, altamente simbólica, representa a restauração da principal Área de Proteção Ambiental (APA) do estado, sob pressão de atividades como agronegócio, grilagem e desmatamento nos últimos anos. O projeto visa combater a degradação ambiental e promover a sustentabilidade na região.
O anúncio segue iniciativas federais semelhantes, com concessões para iniciativa privada, embora na região de Mata Atlântica. O governo federal lançou licitação para a recuperação de três Florestas Nacionais (Flonas) na região Sul.



