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Pará entra no mapa mundial do nióbio com projetos em São Félix do Xingu

Mineração Comboinhas pesquisa mineral estratégico em 50 mil hectares; área total de requerimentos no estado chega a 260 mil hectares, incluindo terras indígenas.

O sudeste do Pará, conhecido por sua forte presença na mineração de ferro e ouro, agora surge como nova fronteira para outro mineral estratégico: o nióbio. Em São Félix do Xingu, a Mineração Comboinhas mantém uma área de 50 mil hectares dedicada exclusivamente à pesquisa do elemento químico, que é considerado essencial para diversas indústrias de ponta, como a aeroespacial, automotiva e de infraestrutura.

Além do projeto em São Félix do Xingu, dados oficiais indicam que os requerimentos e autorizações de pesquisa envolvendo nióbio no Pará somam 260 mil hectares. Parte dessas áreas está localizada em territórios indígenas, o que impõe desafios legais e regulatórios, já que a legislação federal exige autorização específica do Congresso Nacional para qualquer pesquisa ou lavra em terras indígenas.

O que é o nióbio e por que é estratégico?

O nióbio, identificado pelo símbolo Nb e número atômico 41 na tabela periódica, tem seu nome inspirado na deusa grega Níobe. É um metal raro, com propriedades que o tornam altamente valioso: é supercondutor, resistente à corrosão e suporta temperaturas extremas, com ponto de fusão de 2.468 °C.

Sua principal aplicação está na fabricação de aços de alta resistência e superligas, que proporcionam leveza e durabilidade a produtos e estruturas. Esses materiais são amplamente utilizados na construção civil, na indústria automotiva, naval e em componentes de aeronaves e foguetes.

Brasil domina a produção mundial

Atualmente, mais de 90% das reservas conhecidas e da produção global de nióbio estão no Brasil, concentradas principalmente em Araxá, Minas Gerais, onde está localizada uma das maiores minas do mundo. O país abastece indústrias globais e é considerado líder absoluto no fornecimento do metal.

Embora o Canadá e a Austrália também produzam nióbio, e existam jazidas em países como Rússia, Estados Unidos e algumas nações africanas, nenhuma dessas regiões rivaliza com o potencial brasileiro — o que torna novas descobertas, como as do Pará, especialmente estratégicas para o mercado internacional.

Próximos passos e desafios

No Pará, os projetos ainda estão em fase de pesquisa e dependem de análises de viabilidade econômica, estudos de impacto ambiental e, em alguns casos, autorizações legislativas devido à sobreposição com terras indígenas. Especialistas alertam que, caso a exploração avance, será necessário um rígido controle ambiental e social para evitar impactos negativos nas comunidades locais e nos ecossistemas amazônicos.

Se confirmada a viabilidade, a produção de nióbio no Pará pode ampliar a diversificação mineral do estado, atrair novos investimentos e posicioná-lo como protagonista em uma cadeia de fornecimento global de tecnologia e infraestrutura.

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