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Pandemia afeta a economia e muda o cenário do centro comercial de Belém

Dona de um restaurante inaugurado há menos de um ano, na Travessa Frutuoso Guimarães, no centro comercial de Belém, Eliete Batista, 50 anos, precisou interromper os planos de ampliação do empreendimento. “Já tinha programado contratar mais dois funcionários e aumentar o número de mesas, devido a procura que vinha aumentado a cada a mês. Mas com as medidas de isolamento e o decreto do ‘lockdown’, todos os planos foram por água abaixo. E agora não tenho ideia quando tudo vai voltar ao normal e se, de fato, vai voltar”, relata, com a voz embargada.

Forçada a fechar a portas do restaurante por causa da crise gerada pelo novo coronavírus, a microempresária afirmar que, se as medidas de isolamento durarem mais um mês, ela será obrigada a desistir da atividade. “Já dispensei os dois funcionários que eu tinha, mas as contas de fornecedores, aluguel e outras despesas não foram fechadas. Eu e muita gente do Comércio depende exclusivamente das vendas do dia a dia para fechar as contas no final do mês.  Sem funcionamento das nossas atividades não tem renda pra ninguém”. 

A história de Eliete é compartilhada por milhares de trabalhadores do centro comercial de Belém, que foram obrigados a suspender suas atividades para frear o avanço da covid-19. As ruas do bairro da Campina acostumadas a muito barulho e aglomeração durante todo o dia, agora convivem com o silêncio e o vazio provocados pelo ‘lockdown’. “Todos os meus clientes são do comércio de Belém. Com as lojas fechadas, eu também fico sem renda, já que o meu ‘ganha pão’ é fazer anúncios dessas lojas na minha bike som”, conta o autônomo Robertino Santos, 34, que há mais de uma década trabalha com publicidade informal nas ruas do bairro. 

Previsão de 4 mil desempregados no setor comerciário 

Além da mudança na movimentação de pessoas, o fechamento do centro comercial de Belém tem provocado desemprego e queda brusca na economia local. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas), a previsão é que cerca de 4 mil comerciários sejam demitidos durante o período do isolamento social. Somente no mês de março, os shoppings sofreram queda de 80% no faturamento e devem encerrar abril próximo dos 100%; enquanto as lojas de rua apresentaram queda de 60% em março e 50% em abril.   

“A gente entende o motivo que levou tanto o governador quanto o prefeito de Belém a juntos assinarem esse decreto, mas isso é muito prejudicial para os empresários”, explica Joy Colares, presidente do Sindilojas. Para ele, o impacto será maior para as pequenas empresas, que representam 95% do comércio de Belém. “Uma vez que mesmo com todas as restrições (anteriores), ainda tinha uma receita diária que entrava, seja através de cartão de crédito ou dinheiro e que a partir de agora será zero. Isso vai afetar diretamente, principalmente essas empresas menores, porque o próprio caixa do dia servia de subsistência não só para a empresa, como para a família”, explica.

Prefeitura já avalia a reabertura do comércio do Belém 

Na manhã desta segunda-feira, 18/05, o prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB), anunciou que montará um comitê de planejamento para avaliar a reabertura do comércio na capital paraense. Zenaldo informou que a ação envolverá diversos setores como a prefeitura, empresários e representante dos trabalhadores do comércio. “Tem que ser um retorno gradual, equilibrado e compatível com os resultados. Estamos apostando nesse otimismo. Não podemos agir de maneira irresponsável”, explicou o prefeito.

A nova medida acontece baseada nos números recentes de Belém. Segundo o prefeito, nos últimos dias, houve uma redução expressiva na procura por unidades de saúde da rede pública e privada. De acordo com a última atualização da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), em Belém já são 6.577 casos confirmados de Covid-19. 

Fonte REDE PARÁ

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