A autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para que a empresa Unesul opere uma linha de ônibus interestadual ligando Florianópolis (SC) a Belém (PA) desencadeou uma onda de comentários xenofóbicos nas redes sociais. Parte do público catarinense reagiu de forma agressiva e preconceituosa, associando a nova rota ao aumento da presença de nortistas e nordestinos no estado.
Postagens com milhares de curtidas criticaram a medida com falas carregadas de preconceito. Em uma delas, um usuário escreveu: “Estão destruindo Santa Catarina. Estão nos atacando dia e noite.” Outros foram além, com comentários que associam a mobilidade à pobreza e criminalidade: “Logo tá entupida de favela” e “Estratégia da esquerda para encher o estado de nordestino e depois eleger político de esquerda.”
Os ataques revelam estigmas antigos que relacionam as regiões Norte e Nordeste à marginalização, apesar da ausência de qualquer base factual para essas narrativas. A linha, no entanto, representa uma alternativa legítima de transporte que estimula a economia, fomenta o intercâmbio cultural e assegura o direito de ir e vir dos brasileiros.
A autorização para a rota atendeu a uma decisão judicial e permite a conexão terrestre entre extremos do país, oferecendo opções acessíveis para passageiros e criando novas oportunidades comerciais e turísticas. Para muitos, o episódio expõe um problema maior do que o transporte: a persistência da intolerância regional no Brasil.



