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Mulher filma momento em que policial a aborda antes de agredi-la com soco em Macapá

Assustada após o marido levar um soco durante abordagem da Polícia Militar (PM) no Amapá, a pedagoga Eliane da Silva, de 39 anos, pegou o próprio celular para filmar a ação.

O vídeo registra o momento em que o policial dá voz de prisão à mulher (assista abaixo). Essa gravação acaba antes de Eliane levar um soco no rosto. Na delegacia, Eliane disse que foi chamada de vagabunda (leia mais abaixo).

Outro vídeo que registrou a agressão foi feito pelo filho dela e repercutiu nas redes sociais no domingo, 20.

A PM informou que um inquérito policial militar e um processo administrativo vão apurar as atitudes dos militares, que foram afastados das funções operacionais.

Em nota, o governador do Amapá Waldez Góes descreveu que a ação da polícia foi “recheada de atitudes racistas”.

Veja o vídeo:

Vídeo mostra a ação dos policiais em Macapá

Agressão – Após ser agredida com um soco, a mulher foi levada para a delegacia, onde foi liberada após pagar R$ 800 de fiança.

“Para mim isso foi uma tortura, mexeu muito com meu psicológico. […] Eu fui chamada de preta, fui chamada de vagabunda por eles na delegacia. Eu me senti ofendida e para mim foi um preconceito muito grande, porque éramos os únicos negros ali”, disse Eliane.

“O correto era todo mundo ser ouvido. Por que eu vou pagar fiança por um crime que eu não cometi? Por que o policial me agrediu se eu não ofendi ele e estava apenas fazendo um vídeo?”, completou.

Afastamento – À Rede Amazônica, o corregedor da PM, coronel Edilelson Batista, declarou que o policial responsável pelo soco foi afastado, não pode tirar férias e ficará à disposição da corporação para esclarecer o ocorrido. Os outros dois também tiveram a atuação restringida.

“Ele pode ser responsabilizado desde a prática de agressão física até o descumprimento das normas institucionais no âmbito administrativo. É totalmente reprovável a ação agressiva a qualquer cidadão; ela não é a orientação da instituição. A instituição tem procedimentos operacionais para adotar em uma abordagem. E [ele] extrapolou os procedimentos que são orientados”, destacou Batista.

Racismo – Quanto à moradora declarar que foi ofendida pela cor da pele, o corregedor assegurou que isso também será apurado.

“Tudo é objeto de investigação. Qualquer atitude adotada por um policial militar, que representa a instituição numa operação, tem que ser regida pela legislação que nós preconizamos hoje. Vai ser apurado o fato. Se ele praticou ato de racismo, vai ser responsabilizado também”, disse.

Entenda o caso – A pedagoga Eliane foi presa na noite de sexta-feira, 18, por resistência, desacato e desobediência. Ela nega todas as acusações.

Nas imagens gravadas pelo filho dela, um dos militares dá voz de prisão para Eliane, tenta imobilizá-la, leva ela ao chão e dá um soco no rosto. Ela é algemada e levada para a viatura. Além dela, o marido também foi detido pelas mesmas acusações. Ambos são negros e não sabem por que foram abordados.

“A abordagem inicial foi me engasgar, me deu rasteira e me ‘murrou’. Eu não tive reação, eu apanhei, só fiz gritar para a população ver o policial me agredindo desnecessariamente. Em nenhum momento houve desacato, em momento algum eu o agredi verbalmente, ele que já veio me agredindo fisicamente”, acrescentou Eliane. A mulher teme novas ameaças e retaliações.

Fonte: G1 Amapá

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