MPF cobra explicações dos governos Lula e Helder por incêndio em Terra Indígena no Pará
A principal cobrança do MPF envolve a falta de resposta eficaz das autoridades no combate às chamas, além da necessidade de investigar possíveis ações criminosas que possam ter causado o incêndio.
Um megaincêndio que já devastou mais da metade da área da Terra Indígena (TI) Anambé, localizada em Moju, no nordeste do Pará, tem gerado grande preocupação e ação por parte do Ministério Público Federal (MPF). O fogo, que começou no final de outubro, está ameaçando a sobrevivência da comunidade indígena local e a integridade da Floresta Amazônica, uma das regiões mais biodiversas do planeta. Diante da gravidade da situação, o MPF exigiu, na última sexta-feira (8), explicações e providências urgentes dos governos federal e estadual, liderados, respectivamente, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo governador Helder Barbalho (MDB).
A principal cobrança do MPF envolve a falta de resposta eficaz das autoridades no combate às chamas, além da necessidade de investigar possíveis ações criminosas que possam ter causado o incêndio. O procurador da República Oswaldo Poll Costa formalizou uma série de requerimentos aos órgãos responsáveis, destacando a falha na mobilização para o enfrentamento do desastre ambiental. O MPF também sugeriu a abertura de uma investigação criminal, uma vez que há indícios de que o incêndio pode ter sido provocado de forma intencional, possivelmente com a conivência ou omissão das autoridades locais.
O incêndio tem forçado os povos originários da TI Anambé a se abrigarem em acampamentos improvisados, em uma situação de extrema vulnerabilidade. Segundo o MPF, essas comunidades, que participaram da cerimônia de posse de Lula em 2023, agora enfrentam condições precárias, com escassez de alimentos e água potável, enquanto tentam conter as chamas que avançam sobre suas terras. O Ministério Público destacou o risco à saúde e à segurança dos indígenas, alertando para a necessidade urgente de providências para garantir o atendimento básico à população afetada.
Entre as exigências do MPF estão pedidos específicos de informações e ações de órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Corpo de Bombeiros Militar do Pará e a Fundação Nacional do Índio (Funai). O MPF solicitou ao Ibama detalhes sobre as medidas de combate ao incêndio, incluindo o número de brigadistas e a disponibilidade de equipamentos na região, além de uma avaliação dos danos à fauna e flora local. Também foram requeridas informações sobre as condições de licenciamento ambiental das empresas do setor elétrico, como Equatorial e Eletronorte, que operam na área da linha de transmissão Tucuruí/Vila do Conde.
A Funai foi cobrada a fornecer assistência à comunidade indígena, com destaque para a entrega de alimentos, medicamentos e água potável, itens essenciais em um momento de crise humanitária. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Pará e a Defesa Civil do Município de Moju também foram solicitadas a tomar medidas para garantir a segurança da comunidade indígena, especialmente no que tange à segurança alimentar e à proteção contra os efeitos do incêndio.
Além disso, o MPF exigiu que a TI Anambé seja incluída no Programa de Brigadas Federais Indígenas, uma iniciativa do Ibama/Prevfogo voltada ao combate de incêndios florestais em áreas indígenas. Por fim, a Polícia Federal foi chamada a investigar possíveis responsabilidades por parte de fazendas vizinhas à TI Anambé, onde o incêndio pode ter tido origem. O caso expõe não apenas a vulnerabilidade das terras indígenas diante do avanço das queimadas, mas também a ineficácia das respostas das autoridades diante de um desastre ambiental de grandes proporções. A pressão do MPF visa, portanto, garantir uma ação coordenada e eficaz para proteger tanto os povos indígenas quanto o ecossistema da Amazônia.
Fonte: Diário do Poder