Monteiro Lopes: A doce história de amor e igualdade nascida em Belém
O Monteiro Lopes é um doce de alma portuguesa, mas nascido no coração de Belém, carrega em sua história uma narrativa quase Shakespeariana de amor e igualdade racial. Com massa de empada e uma mistura simbólica de preto e branco, o doce surgiu em um período de forte segregação racial e social, entre 1850 e 1890.
Naquela época, Belém ainda se restringia a poucos bairros centrais e duas padarias se destacavam na disputa pela preferência dos consumidores. Localizadas em lados opostos do mercado municipal, na Travessa Oriental e na Travessa Ocidental, as padarias de Manoel Monteiro e Antonio Lopes competiam intensamente. Monteiro, um mulato, era conhecido por seus biscoitos apreciados, mas evitava qualquer menção ao concorrente.
Enquanto isso, na outra extremidade do mercado, Antonio Lopes também conquistava clientes com seus biscoitos, diferentes em cor e sabor dos de Monteiro. A rivalidade entre os dois padeiros era notória, até que a morte dos pais e o casamento dos filhos mudaram o rumo dessa história.
Com o casamento, os negócios das duas padarias se uniram, e assim surgiu o Monteiro Lopes, um doce que simbolizava a união do negro e do branco. Essa fusão não só misturou receitas, mas também endossou uma história de amor e inclusão racial, em uma época em que tal química era pouco aceita pela elite.