O chef paraense Saulo Jennings, Embaixador Gastronômico da ONU Turismo, recusou o convite para preparar o jantar do evento que contará com a presença do príncipe William, durante o Earthshot Prize 2025, no Rio de Janeiro. A exigência de um menu 100% vegano foi o principal motivo para a decisão.
Em entrevista ao Grupo Liberal, Jennings explicou que sua recusa não foi motivada por oposição ao veganismo, mas pela defesa da identidade culinária amazônica, que considera inseparável do uso de ingredientes regionais, como peixes e frutos nativos.
“Eles insistiram muito em ser 100% vegano e eu não estava confortável com isso. Não faria sentido para mim, pois minha missão sempre foi levar a comida amazônica e sustentar a culinária que representa meu povo e minha terra”, afirmou.
O chef, fundador do restaurante Casa do Saulo, em Santarém (PA), destacou que sempre buscou aliar sustentabilidade e valorização da cultura local.
“Eu trabalho com ingredientes da Amazônia porque eles carregam a cultura, a história e a sustentabilidade da nossa terra. Não faz sentido deixar de lado o que a minha região tem a oferecer”, disse.
Jennings também destacou que foi um dos primeiros chefs da região a incluir opções veganas em um restaurante especializado em peixe, há mais de 16 anos.
“Eu não tenho nada contra o veganismo. O que defendo é o equilíbrio entre as exigências internacionais e a preservação das tradições locais”, reforçou.
Para ele, eventos internacionais como o Earthshot Prize — que celebra iniciativas ambientais — deveriam refletir a diversidade gastronômica de cada região anfitriã.
“Se não for possível manter algo do meu trabalho, então a experiência perde o sentido. Eu não sou contra a comida vegana, mas ela não pode ser a única protagonista em um evento que visa celebrar a diversidade culinária”, concluiu.
O jantar, que reunirá cerca de 700 convidados, será agora comandado exclusivamente pela chef Tati Lund, do Org Bistrô, referência nacional em gastronomia vegana.



