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Milícia, conflitos armados e “Guerra do Dendê”: Lideranças indígenas do Pará são presas em operação da PF

Dois líderes indígenas da etnia Tembé Tenetehar, no Pará, foram presos em uma operação da Polícia Federal (PF) na última segunda-feira, acusados de liderarem conflitos armados na região de Tomé Açu, em uma disputa territorial conhecida como “guerra do dendê”. Segundo o inquérito da PF que culminou na Operação Guaicuru, os líderes indígenas teriam promovido crimes como tentativa de homicídio, associação criminosa, formação de uma milícia privada e posse ilegal de arma de fogo.

A investigação aponta que os líderes Tembé criaram uma espécie de milícia para liderar conflitos armados na disputa por terras produtivas de dendê, planta da qual é extraído o azeite de dendê, amplamente utilizado na indústria alimentícia, cosmética e de biocombustíveis.

O delegado federal Vinícius Lima, responsável pelo inquérito, esclareceu que não se trata de toda uma tribo agindo como milícia, mas sim de um grupo criminoso privado liderado pelas duas lideranças, que contaria também com não-indígenas. O objetivo da operação é restabelecer a ordem pública na região de Tomé-Açu, especialmente em relação aos conflitos entre comunidades tradicionais.

As disputas territoriais na região envolvem, entre outros, indígenas do povo Tembé e a empresa Brasil BioFuels (Grupo BFF), antiga Biopalma, que extrai e produz óleo de palma em uma extensa área na Floresta Amazônica. A empresa afirma atuar em áreas autorizadas, enquanto os indígenas acusam avanços sobre terras demarcadas e alegam ações violentas.

O Grupo BFF, procurado para comentar a prisão das lideranças, afirmou que “não teve qualquer participação no caso” e destacou promover diálogo com as comunidades onde atua. O contexto envolvendo as lideranças indígenas, a empresa e a disputa territorial é complexo e tem gerado tensões, com acusações de ambos os lados.

O cacique Lúcio Tembé, líder indígena da região, foi alvo de uma tentativa de assassinato em junho do ano passado. À época, a promotoria paraense mencionou episódios de violência contra indígenas desde a instalação da empresa em 2008. A empresa, por sua vez, acusou “invasores indígenas” e “crime organizado” de atuarem na região, mencionando áreas invadidas como pontos de tráfico de drogas.

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