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Médico ribeirinho relata desafios para atender comunidades isoladas no Pará

Natural de Abaetetuba, Fagner Carvalho percorre rios e enfrenta longas distâncias para garantir atendimento médico em áreas sem acesso regular a especialistas.

Atender pacientes em regiões isoladas da Amazônia é a rotina do médico Fagner Carvalho, 30 anos, nascido e criado em Abaetetuba, no interior do Pará. Clínico-geral, com pós-graduação em psiquiatria e infectologia, ele atua em comunidades onde a presença médica é rara e o deslocamento só é possível por meio de barcos e longas caminhadas.

Em algumas localidades, o atendimento especializado ocorre apenas uma vez por mês ou a cada 15 dias, o que gera filas e demanda acumulada. Em Moju, por exemplo, Fagner atende em uma comunidade quilombola que exige viagem de até quatro horas, partindo de casa ainda de madrugada. “O que me motiva é garantir a assistência da população, mesmo com as dificuldades”, afirma.

O médico já vivenciou situações de emergência durante o deslocamento, como o parto de uma paciente realizado dentro de um barco e o episódio em que ficou à deriva por mais de duas horas esperando ajuda. Ele destaca que o trabalho na região exige adaptação a condições adversas, como falta de energia elétrica, cobertura de telefonia e internet.

Além dos desafios logísticos, há questões de saúde pública preocupantes, como a alta incidência da doença de Chagas em Abaetetuba. Segundo ele, um projeto da Fiocruz iniciado em 2023 já testou mais de 1,7 mil pessoas com resultado positivo em testes rápidos. “A maioria dos pacientes vê o parasita dentro de casa, algo que não deveria acontecer”, alerta, relacionando o aumento dos casos a mudanças climáticas e ao desmatamento.

Fagner Carvalho compartilha essas experiências para reforçar a importância de ampliar o acesso à saúde nas áreas remotas do país, sobretudo na Amazônia, onde a realidade impõe obstáculos diários para médicos e pacientes.

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