Um estudo da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) destaca que quatro cidades do Marajó estão entre as cinco do Pará que mais registraram casos de escalpelamento nos últimos 59 anos. Com 207 episódios nesse período, sendo 98% em mulheres, a maioria delas jovens e evangélicas que mantêm cabelos longos, o estudo traz à luz um problema marcante na região amazônica.
A análise, realizada com base nos dados da Casa de Apoio Espaço Acolher, revela que Portel lidera a lista com 24 casos, seguida por Breves (22), Curralinho (16), Cametá (15), e Melgaço (12). O Marajó concentra 111 casos, enquanto o Tocantins registra 53 e o Baixo Amazonas, 19.
A predominância de casos em mulheres, principalmente crianças e adolescentes de 2 a 18 anos (67%), levanta preocupações sobre a exposição do cabelo ao eixo de motores de embarcações. O estudo destaca que 56,5% das vítimas são praticantes da religião evangélica.
O levantamento ressalta a importância da legislação e das ações de conscientização para a prevenção do escalpelamento, um desafio enfrentado principalmente nos estados banhados pela Bacia Amazônica. A criação da lei federal em 2009 e a instituição do Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento demonstram esforços significativos para lidar com esse problema, sendo a Marinha do Brasil uma parte ativa nesse processo.
O desafio é gigante, com milhares de embarcações, algumas clandestinas, nas águas paraenses. As ações governamentais, como o Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives) e a Comissão de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento (CEEAE), buscam lidar com as consequências do escalpelamento e promover a prevenção.
A Casa de Apoio Espaço Acolher também desempenha um papel essencial ao oferecer suporte e tratamento prolongado às vítimas, contribuindo para a mitigação do impacto desse acidente traumático na vida das pessoas atingidas.