ENTRETENIMENTO

Lei estadual eterniza a memória de Ruy Barata no ano de seu centenário

“O tempo tem tempo de tempo ser. O tempo tem tempo de tempo dar. Ao tempo da noite que vai correr. O tempo do dia que vai chegar” (“Pauapixuna”, de Paulo André e Ruy Barata)

E o tempo de eternizar oficialmente a obra do poeta chegou. Neste 25 de junho de 2020, Ruy Barata faria 100 anos de vida. Como homenagem a um dos maiores artistas do estado, que deu verso a inúmeras canções que se popularizaram pelo Brasil através de vozes como a de Fafá de Belém, o Governo do Pará instituiu em seu calendário oficial o Ano Cultural Ruy Barata, em comemoração ao centenário de nascimento do poeta.

O Projeto de Lei 178/2019, de autoria da deputada Marinor Brito, foi sancionado em dezembro do ano passado. O Ano Cultural Ruy Barata compreende todas as atividades e manifestações socioculturais promovidas pelo estado do Pará neste ano de 2020. Por causa da pandemia da Covid-19, as comemorações presenciais estão suspensas, mas a gratidão da família do poeta pela homenagem ao seu legado é latente.

Ano Ruy Barata – “O Projeto de Lei da deputada Marinor, sancionada pelo governador Helder Barbalho, é sensacional. Porque em vez de outorgar uma medalha, um diploma, ela transforma o ano de 2020 no Ano Cultural Ruy Barata, em que todas as ações culturais e artísticas do Governo terão a chancela do meu pai. É uma lei inovadora que mexe com a arte e cultura paraenses. Fico muito satisfeito com essa homenagem. Assim que terminar esta pandemia, vamos retornar os projetos e ações culturais relativos à data”, destaca o jornalista Tito Barata, filho de Ruy.

“O poeta Ruy Barata trouxe pra nós um legado de poesia, reflexão política, luta por justiça e liberdade. Como presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Pará, homenageá-lo com o ano centenário Ruy Barata é motivo de muita alegria. Fiz o meu dever de ofício. Valorizar o legado de Ruy, fortalecer no coração de cada paraense a nossa cultura como forma de vida, desenvolvimento e felicidade. Viva Ruy Barata!”, pontua a deputada Marinor Brito, autora do Projeto de Lei que deu origem ao Ano Cultural em homenagem ao poeta.

O poeta – Ruy Guilherme Paranatinga Barata nasceu Santarém, em 25 de junho de 1920 e morreu em São Paulo, em 23 de abril de 1990. Foi um poeta, político, advogado, professor e compositor brasileiro.

Filho único de Maria José Paranatinga Barata e do advogado Alarico Barros Barata, recebeu o nome Ruy em virtude da admiração paterna por Ruy Barbosa. Em 1938, Ruy Barata entrou para a Faculdade de Direito do Pará.

Em meio aos estudos jurídicos, se apaixonou de vez pela poesia. Bebeu na fonte de Maiakovski, Garcia Lorca, T. S. Elliot, Mallarmé, Rilke, Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Murilo Mendes, Jorge de Lima, entre outros.

Em 1943, publicou seu primeiro livro de poemas “Anjo dos Abismos”, pela José Olympio Editora, com o decisivo apoio do romancista paraense Dalcídio Jurandir.

O político – Em decorrência da luta contra o autoritarismo de Magalhães Barata, Ruy Barata entrou na política partidária e, aos 26 anos, em 1946, é eleito deputado para a Assembleia Constituinte do Pará, pelo Partido Social Progressista (PSP).

Embalado pelo clima de explosão democrática que sucedeu a vitória dos aliados contra o nazi-fascismo na Europa, nenhum tema relevante aos direitos humanos escapou da percepção do jovem deputado naquela legislatura.

A luta pela paz num mundo traumatizado pela morte de milhões de seres humanos nos campos de batalha, o horror da ameaça atômica que exterminara as populações das cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki, o respeito à autodeterminação dos povos, o Estado de Direito no Brasil, a defesa da soberania da Amazônia e a luta contra a pobreza foram temas caros a Ruy Barata.

Foi reeleito em 1950. Em 1951 publica os poemas de “A Linha Imaginária” (Edições Norte, Belém). A partir daí e depois, como deputado federal (1957 a 1959), se afirma como a voz progressista no Pará em defesa do monopólio estatal do petróleo, das grandes causas nacionais e da paz mundial, nos momentos cruciais da chamada guerra fria.

O compositor – Em 1964, com o golpe militar, Ruy Barata foi preso, demitido de seu cartório (então 4º Ofício do Cível e Comércio da Comarca de Belém) e aposentado compulsoriamente do cargo de professor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Pará, com menos de 10% de seus proventos.

Para sobreviver, passou a exercer a advocacia no escritório de seu pai, Alarico Barata, e escreveu artigos e reportagens com pseudônimos, como Valério Ventura, para os jornais Folha do Norte e Flash.

A partir de 1967, Ruy Barata, que tinha, desde a juventude, uma estreita ligação com a música, passa a compor em parceria com seu filho, o então jovem músico e instrumentista Paulo André Barata.

A música brasileira ganhou então canções como “Foi Assim”, “Pauapixuna”, “Esse Rio é Minha Rua”, entre outras que embalam histórias de amor e a relação do paraense com sua terra. Vidas que mudaram com a arte de Ruy Barata.

Fonte: Assembleia Legislativa do Estado

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