A Itaipu Binacional está considerando destinar R$ 1 bilhão para promover melhorias no sistema de saneamento básico de Belém, como parte dos esforços para preparar a cidade para sediar a COP30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, agendada para novembro de 2025. A iniciativa busca resolver questões cruciais de infraestrutura e sustentabilidade, com foco especial no tratamento de resíduos sólidos e saneamento, visando proporcionar uma infraestrutura adequada para o evento global.
A proposta, que foi antecipada pelo Portal Poder 360 e previa a formalização de um convênio via Novo PAC nos próximos dias. No entanto, a tramitação foi interrompida devido a uma disputa entre Brasil e Paraguai sobre tarifas, o que afetou o orçamento da usina. Além dos recursos provenientes da Itaipu, Belém deve receber apoio financeiro do governo federal, estadual e municipal para assegurar o sucesso da empreitada.
Os esforços para fortalecer os laços entre Itaipu e Belém remontam ao final de 2023, quando uma comitiva liderada pelo diretor de coordenação Carlos Carboni, a mando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visitou a prefeitura da cidade. Desde então, discussões sobre possíveis parcerias têm sido realizadas, envolvendo também representantes do Ministério das Cidades e do Parque Tecnológico de Itaipu (PTI).
Belém, com uma população de mais de 1,5 milhão de habitantes, enfrenta sérios problemas de saneamento, com cerca de 83% da população sem acesso à coleta de esgoto e deficiências no abastecimento de água, conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis). No contexto estadual, a situação é ainda mais desafiadora, com apenas um aterro sanitário para mais de 8 milhões de habitantes, o qual já excedeu sua capacidade.
Apesar da iniciativa positiva, a atual gestão da hidrelétrica tem sido alvo de críticas por dirigentes do setor elétrico devido aos altos gastos em projetos socioambientais nos últimos anos, que não estão diretamente ligados à geração de energia. Essas despesas, que totalizaram US$ 2 bilhões anuais até 2023, continuam a ser canalizadas, em parte, para investimentos externos ao setor.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, expressou preocupação em relação a essa prática, destacando que, embora o Brasil tenha reduzido as tarifas de energia, parte do excedente continua sendo direcionada para políticas públicas, uma decisão que, segundo ele, pode ser revista a qualquer momento. O Ministério de Minas e Energia optou por não comentar sobre o assunto, e não houve retorno por parte da prefeitura de Belém e do Ministério das Cidades até o momento.